Campo Grande (MS) – Muito calor, fim de tarde ensolarada e alegre atraiu para o show ao ar livre na Concha Acústica Helena Meirelles um público simpático e interessado nas atrações do Som da Concha deste domingo (11/11/2018): a banda Surfistas de Trem, de Ponta Porã, e o músico performático Begèt de Lucena.
A funcionária pública Zelina Pereira, do Amapá, veio pela segunda vez a Campo Grande visitar os amigos e pela primeira vez veio com eles ao Som da Concha. “Adorei o Mercado Municipal e visitei também o camelódromo aqui na cidade. Este projeto do Som da Concha é maravilhoso, deveriam motivar para acontecer sempre”.
Seu amigo Alexandre Meira de Vasconcelos, professor do curso de Engenharia de produção da UFMS, já é assíduo frequentador do Som da Concha, e se declarou fã do cantor Begèt de Lucena. “O Begèt tem um talento enorme, ele traz uma leitura misturada com sua tradição nordestina com uma leitura pantaneira nossa de respeito e consideração pelo que é local. É um artista completo, ele faz uma leitura conceituada do que é possível fazer em Mato Grosso do Sul. E um artista sensível, tem muita sensibilidade”.
Sobre o Som da Concha, Alexandre diz ser função do poder público trazer diferentes leituras da sociedade para a população. “Num ambiente puramente capitalista o Begèt não teria espaço. Se ele tem espaço aqui é em função deste projeto, que consegue trazer artistas que conseguem compreender esta leitura do que é Mato Grosso do Sul, que tem uma unicidade muito além dessa coisa do sertanejo”.
Três gerações da família Maluf também vieram conhecer o “cigano” Begèt e prestigiar a banda Surfistas de Trem no Som da Concha. Leila Maluf, a matriarca; a nutricionista Laís, filha, e a Manuela, neta (de três anos) vieram passear no parque e prestigiar os artistas da terra. “Nós sempre vamos juntas em eventos públicos gratuitos. Este parque é saudável, já estivemos aqui em outros shows do projeto. Acho importante o Som da Concha para fomentar a cultura, é uma opção de lazer que não é como uma casa noturna, e incentiva os artistas da casa num ambiente que dá pra vir com a família, dá pra se divertir sem custo”.
A artista visual Márcia Lobo chama a atenção na plateia pelo seu visual florido e colorido, tudo a ver com o estilo do artista Begèt, que ela veio prestigiar. “O que eu mais gosto nele é que além de cantar ele faz performance, ele traz a emoção no corpo dele, gosto não só de o ouvir, mas também de o ver. Você sente a presença dele muito forte, ele pode mostrar mais o que ele é. Com este show de hoje, essa coisa de cigano, está nele, ele gosta muito de mexer o corpo”.
Márcia já é presença frequente no Som da Concha e para ela o projeto é importante porque valoriza os artistas locais. “Aqui é um espaço maravilhoso, que bom que está sendo ocupado. Você tem contato direto com os artistas, é ao ar livre e isso tem toda uma energia, além de ser gratuito. Tem que continuar sempre”.
Influenciados pelas bandas Canaroots, Curimba, Muchileiros e pela cantora Marina Peralta, a banda “Surfistas de Trem” abriu o Som da Concha com músicas autorais de seu álbum “Moderna Música da Fronteira”, gravado em 2014 com apoio do Fundo de Investimentos Culturais da Fundação de Cultura de MS.
A banda existe há dez anos e foi formada em Ponta Porã por amigos de escola que tocavam juntos: João Caetano no vocal; Renan Dorta no baixo; Jean Caetano e Clayton Vieira na guitarra e Jorge Pará na bateria, com participação especial neste show do saxofonista Mayson Lucas. A proposta é mostrar uma música da fronteira mais urbana, mais civilizada, com o gênero pop em geral, cantado em português, espanhol e com algumas frases em guarani.
O vocalista João Caetano agradece pelo ótimo tratamento que recebeu da equipe da Concha Acústica Helena Meirelles. “Tivemos toda a estrutura necessária para fazer o show e deslocamento para Campo Grande. Tocamos aqui em 2011 na Concha e dá pra tocar legal, profissionalmente. Este show de hoje foi demais. Estávamos há um ano parados, foi o Som da Concha que motivou nossa volta, estávamos precisando disso. Espetacular, foi demais”.
O performático Begèt de Lucena trouxe toda a sua energia para o show “Cigano Invén”, projeto que ele vem amadurecendo há dois anos. “O cigano sou eu dentro da música, é um reflexo de mim, representa essa coisa de eu andar sem fronteira dentro da música”.
Este é o segundo show solo do artista, que também é vocalista da banda “Santo Chico”. “Eu sou naturalmente tímido, fico com mais medo de fazer o trabalho solo, é diferente de estar com a banda, mas eu tenho músicos incríveis comigo”. Neste show solo, Begèt foi acompanhado por Júlio Queiroz, produtor, arranjador e guitarrista; Sandro Moreno, na bateria; Lucas Rosa, na percussão, Gabriel Basso no baixo e a participação especial do flautista Felipe Andrada, que agradou pelo virtuosismo e sensibilidade.
Sobre suas performances e figurinos que tanto agradam aos seus fãs, Begèt explica que tudo isso faz parte do seu trabalho. “Eu primo muito por montar um figurino para cada show, a música é algo que transcende qualquer coisa, eu fico criando imagens ao que cada música reflete e gosto que as pessoas vejam isso comigo. Neste show fiquei muito feliz por todo mundo que veio, adorei, estou muito feliz”.
O projeto Som da Concha, da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), acontece periodicamente aos domingos, sempre às 18 horas, na Concha Acústica Helena Meirelles, no Parque das Nações Indígenas, com entrada franca. No show deste domingo foi anunciado ao público que os shows vão acontecer todos os domingos até meados de dezembro deste ano. Vamos aguardar as próximas atrações!