“As Marias”, documentário do diretor sul-mato-grossense Dannon Lacerda, foi selecionado na longeva 21ª Mostra do Filme Livre e será exibido nas unidades do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no Rio de Janeiro (10/01) e em São Paulo (data a definir).
É a terceira exibição na capital carioca, onde teve sua estreia no Festival do Rio e foi premiado como melhor curta latino-americano no Curta Cinema. Ao todo, o curta foi selecionado em 36 festivais e obteve 9 premiações.
Foto: Divulgação
Produção independente, realizada com recursos próprios e com uma equipe 100% de MS, foi gravada em maio de 2023, apresentando depoimentos das trigêmeas Maria Salvadora, Maria Etelvina e Maria Leonor – ou simplesmente Duna, Etelvina e Santinha -, tendo uma costura narrativa em Off que relaciona aspectos da região de fronteira com o Paraguai.
A jornalista Maria do Rosário Caetano, da Revista do Cinema, comenta: “O mato-grossense do Sul – As Marias – é fascinante. O realizador mostra o cotidiano de três tias, nascidas num mesmo parto, portanto trigêmeas, no pequeno município de Guia Lopes da Laguna, plantado na região fronteiriça entre Brasil e Paraguai. Elas são mulheres idosas, que falam de relações familiares, religião e temas ligados aos limites impostos às suas existências”.
Luiz Zanin, do Estadão, diz: “As Marias, um doc de Dannon Lacerda, tem por foco as tias trigêmeas do diretor, que vivem na cidade de Guia Lopes de Laguna (MS). Através de depoimentos simples, as senhorinhas evocam um tempo em que as mulheres eram preparadas para a igreja, o matrimônio e a criação de filhos. Nem todas seguiam o plano social para elas traçado. Em desenho seco, também sem discursos moralizantes, elas dão o seu recado sobre um tempo que passou, sem ranço de nostalgia. Muito bom.”
O diretor e roteirista conta que a ideia do filme surgiu quando ele voltou a residir em Mato Grosso do Sul, durante a pandemia, pois queria realizar um filme com baixo orçamento e com equipe 100% local. O roteiro das entrevistas recebeu colaborações de Vera Holtz e suas irmãs, Renata Sorrah, Andréa Freire e Carla Faour. Entretanto, foi no processo de montagem com a experiente Nina Galanternick, editora de 6 longas brasileiros e diversas séries, que o curta tomou forma e assumiu uma narrativa mais pessoal.
