O Acidente Vascular Cerebral (AVC) está entre as principais causas de mortes no Brasil. Doenças do coração, sedentarismo, diabetes, pressão alta, tabagismo, obesidade e alcoolismo despontam entre os maiores fatores de risco.
Ficar atento aos sinais de AVC e acionar imediatamente a emergência médica é crucial, uma vez que cada minuto que passa reduz as chances de recuperação. É muito importante também manter um acompanhamento médico regular e realizar exames de acordo com cada caso.
Os médicos da Unimed CG Dr. Gabriel Pereira Braga, neurologista, e Dr. Rodrigo Quadros, médico emergencista, tiraram diversas dúvidas sobre o assunto e também falam de cuidados e prevenção. Confira!
AVC X Derrame x AVE
Dr. Gabriel Pereira Braga
Em resumo os termos AVC, AVE e derrame são sinônimos, pois ambas são doenças vasculares cerebrais. Na verdade, alguns termos são mais anatomicamente corretos, como por exemplo, Acidente Vascular Encefálico (AVE), que são todos os eventos vasculares que ocorrem no encéfalo (parte do sistema nervoso que compreende o cérebro, o troco encefálico e o cerebelo). Porém, essa expressão acaba sendo um termo muito técnico, que não consegue alcançar a população, e quando se considera uma doença epidemiologicamente tão importante, é necessário educar as pessoas. Por isso, desde 1996, a Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares padronizou o termo AVC (Acidente Vascular Cerebral) para uso em termos acadêmicos e profissionais. Já para a população ficou normalizado o termo derrame.
Dois tipos de AVC?
Dr. Gabriel Pereira Braga
Em ambos há a falta de oxigênio nas estruturas encefálicas e compartilham também os mesmos fatores de risco, como hipertensão, tabagismo, diabetes, sedentarismo, obesidade e, principalmente a Fibrilação Atrial (arritmia).
A principal diferença entre os dois, que são grandes síndromes, é que um acontece um rompimento de uma artéria, levando a um coágulo, enquanto o outro é um evento isquêmico (80% dos AVCs são isquêmicos), onde ocorre uma obstrução na artéria.
Quando é dito que são síndromes é porque o evento vascular, AVC ou AVE, é uma consequência de outra doença, como por exemplo, arritmia cardíaca. Entender que isto não é uma doença em si só, mas sim uma síndrome, ajuda muito na prevenção de recorrências desse evento.
Sinais de alerta: como identificar um AVC?
Dr. Rodrigo Quadros
Os sintomas mais comuns são:
– Alteração da mímica facial (exemplo: não consegue sorrir): a pessoa que estiver ao lado de alguém que teve essa alteração, vai perceber que foi uma mudança súbita
– Diminuição da força muscular: geralmente é de um lado do corpo, podendo predominar em um braço ou membro inferior (exemplo: não consegue pegar uma caneca). Pode aparecer também de forma sutil, como um formigamento. Ocorre de forma súbita
– Alteração na fala: ou a pessoa não consegue articular a fala (tenta, mas sai incompreensível) ou quer dizer algo, mas não consegue verbalizar
Existe uma regrinha básica que pode ajudar nesses momentos, que é o SAMU, sendo:
– S: pedir para pessoa sorrir
– A: pedir para pessoa dar um abraço
– M: pedir para pessoa cantar uma música ou repetir uma mensagem
– U: urgência. Caso a pessoa apresente os sintomas citados, é preciso acionar o serviço de urgência ou ir ao hospital
Sintomas não tão comuns, mas que se confundem com outras doenças:
– Alterações no equilíbrio
– Náuseas, vômitos, mal-estar e tonturas: em pacientes com fatores de risco, como os já citados, podem ser sintomas de AVC
– Alteração da acuidade visual: tem uma visão normal e de repente tem mudança no campo visual, podendo enxergar tudo embaçado
– Rebaixamento do nível de consciência: sonolência excessiva, não está acordando, está conversando normalmente e de repente começa a dormir ou não responder
Dores de cabeça são um sinal?
Dr. Gabriel Pereira Braga
A característica súbita do déficit (perda) é o que mais marca esses casos. Podemos resumir tudo o que for problema neurológico com perdas de funções abruptas como um provável AVC. Então, não é necessariamente ligada a dor, geralmente é indolor. A dor, se ocorre, é na minoria dos casos, podendo estar associado aos casos hemorrágicos. Muitas vezes o paciente com AVC fica quietinho aguardando atendimento na emergência, até porque em muitos casos não está conseguindo falar, por isso o tempo é primordial. A ação rápida é imprescindível.
Revolução
Dr. Gabriel Pereira Braga
A conversa sobre tratamento do AVC é muito nova, de 1996 para cá, onde em um artigo foi publicado que se dada uma medicação nas três primeiras horas de ocorrência do AVC, diminuiria em 30% as sequelas (essa janela de tratamento evoluiu). Isso causou uma revolução não só no campo da neurologia, mas em todo o sistema de atendimento pré-hospitalar e portas de emergência, pois a doença que é considerada a última prioridade em um plantão pode evoluir para a primeira, por isso a necessidade de tratamento nessas horas iniciais. Com isso, equipes de neurologistas, da porta do Pronto Socorro e pré-hospitalares começaram a ser treinadas para reconhecer esses pacientes.
O mais imediato possível
Dr. Rodrigo Quadros
O tecido cerebral não tolera a falta de oxigênio e nutrientes para sobreviver. A cada minuto diversos neurônios morrem. Logo, o tempo necessário é o mais imediato possível.
Algo importante de falar é que quando um paciente necessita de atendimento de emergência, o familiar que o acompanhará precisa ter conhecimento do histórico e dos remédios que ele toma. São informações de extrema relevância. Informação também é tudo nessa hora.
Reabilitação
Dr. Gabriel Pereira Braga
A família é fundamental nesse processo, é uma pedra angular.
Prevenção
Dr. Gabriel Pereira Braga
É preciso atuar basicamente nos fatores de risco modificáveis, por isso é necessário:
– Fazer Check-ups regulares com o cardiologista
– Manter uma rotina de atividades físicas
– Evitar o uso excessivo de álcool
– Cessação do tabagismo