Campo Grande (MS) – No próximo domingo (13), a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul leva ao palco do projeto Som da Concha a Black Music com Alex Silveira e a banda de blues Whisky de Segunda.
“Vamos revisitar momentos marcantes na história do movimento negro”. Em um show 100% autoral, o cantor Alex Silveira declara que o público terá um vislumbre de um movimento que fez história e até hoje reverbera nos bailes do Estado. A nova Black Music – se assim podemos denominar – chega destacando as lutas pela equidade racial e de gênero, não perdendo o romantismo trágico que é o cerne de suas canções.
As composições falam sobre o amor, mas trazem também uma reflexão do lugar da pessoa preta no mundo, como um ser que sente, sofre, erra, e não apenas como força trabalhadora ou um objeto sexualizado. A experiência no palco promete levar os ouvintes de volta aos bailes Disco dos anos 80/90 junto a um trio de metais, com o toque moderno dos beats e novos recursos de áudio. “Queremos unir as gerações”, destaca Alex, lembrando que cresceu ouvindo sobre os bailes com passinhos de dança ensaiado, que eram febre em sua cidade natal, Corumbá/MS.
Alex Silveira teve seu primeiro contato com a música aos 13 anos, na igreja. Durante dez anos foi vocalista da banda Vira Funk e, a partir de 2019, passou a se dedicar à carreira solo, dando início a um projeto musical mais voltado para a Black Music, estilo que encabeça a escolha de músicas do show. “Nossa proposta é a de fortalecer e somar ao movimento Black de Mato Grosso do Sul, já tão bem representado por bandas e artistas como Curimba, Otávio Neto, Aldeia Black, General R3 and the Black Family”, ressalta Alex Silveira. O vocal de Alex Silveira encontra os acordes e arranjos das guitarras e violões de Francisco Gleyson (Chicão) e do contrabaixo de Douglas Santana (Dody). A bateria e percussões ficam a cargo de Fabrício d’França; o teclado é comandado por Toddy Clemerson e os metais por Ricardo Lauro e Geziel Lopes. A produção executiva de Aly Ladislau e direção musical de Dody Sant.
Whisky de Segunda
A banda Whisky de Segunda começou na união entre o vocalista Robson Pereira e o guitarrista Jefferson Pasa, que se conheceram na faculdade de arquitetura e lá formaram a banda. Em 2003, portanto, nascia a banda Whisky de Segunda, uma referência às músicas Bad Whiskey, de Buddy Guy, e Whisky e Blues, da banda sul-mato-grossense Bêbados Habilidosos.
O ano de 2013 ficou marcado como o de uma nova fase para a banda Whisky de Segunda. Depois de juntarem recursos de cachê por um ano, a banda decidiu produzir o MS Blues Festival, evento sem fins lucrativos que busca inserir Mato Grosso do Sul no circuito do blues brasileiro. Campo Grande já recebeu shows de Donny Nichilo, Guy King, Breezy Rodio, Lurrie Bell, Eddie Taylor Jr e Mud Morganfield, todos de Chicago, de Lynwood Slim da California, de Big Gilson, do Rio de Janeiro e de Ivan Marcio, Giba Byblos, Melk Rocha e Igor Prado de São Paulo. Para comemorar os 10 anos de formação, a banda Whisky de Segunda em parceria com a produtora Angela Finger desenvolveu o projeto TOUR URBANA, onde tocaram em diversos pontos da cidade de Campo Grande, como terminais de ônibus, praça do Zé Pereira, Morada dos Baís, Lago do amor entre outros locais, levando o blues para que pessoas que não tem acesso a bares desfrutassem dessa cultura.
2014 não foi diferente. A banda continuou fazendo o MS Blues Festival, trazendo atrações nacionais e internacionais. Outro fator importante é que a banda cada vez mais vem investindo e apoiando projetos sociais. O dia 09 de maio de 2014 entrou para a história, pois o Whisky tocou no presídio feminino Irmã Irma Zorzi em comemoração aos dias das mães. Whisky de Segunda foi a primeira banda de blues tradicional a tocar em um presídio no Brasil.
No dia 08 de junho de 2014 a banda viajou para os Estados Unidos para gravar seu primeiro CD. Ficaram 20 dias em solo americano bebendo da fonte do blues. O CD foi produzido pelo guitarrista de Chicago Breezy Rodio e gravado em um dos mais conceituados estúdios da cidade, Joyride. Teve como técnico de som o mestre Brian Leach. Foram gravadas 10 músicas, sendo 6 covers e 4 composições próprias. Foi um CD repleto de participações especiais de grandes músicos do gênero como os gaitistas Omar Coleman e Billy Branch, a vocalista Jen Willians, os guitarristas Lurrie Bell e Carl Weathersby, o pianista Aryo e o saxofonista da orquestra de Chicago Bill Overton. O lançamento aconteceu para o dia 25 de outubro e o título do álbum foi From Campo Grande to Chicago.
No dia 12 de Dezembro a banda decidiu que estava na hora de levar o Blues e uma nova cultura para as crianças. Não deixando de lado o seu papel social, tocou no CEINF Juracy Galvão Oliveira, localizado no bairro Residencial Oiti. Em 2016 a banda trabalhou arduamente para levar o blues para pessoas carentes e para locais onde não se conhecia o estilo. Foram feitos shows em locais públicos, utilizando recursos próprios. Outro fator importante de 2016 foi que a banda firmou um apoio para o asilo São João Bosco e arrecadou diversos itens e dinheiro para ajudar a instituição. Promoveu shows e incentivou as doações.
Em 2017 a banda se dedicou a causa Pet. Fez diversos shows para arrecadar fundos e rações para Ongs que trabalham com cachorros e gatos. Lançou também um vídeo clip como campanha contra o abandono de animais, intitulado I’M SO ALL ALONE (eu me sinto tão sozinho), que conta a história real de um cachorro abandonado. O ano também foi de muitas conquistas, pois a banda ganhou o festival. A banda está com 19 anos de estrada e produzindo muita musica autoral e muitos vídeos nas plataformas digitais.