Campo Grande (MS) – O tradicional Banho de São João recebeu o título de Patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil. O resultado do processo, iniciado em 2012 pela Prefeitura de Corumbá, foi anunciado durante a 95ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que foi transmitida pela internet no canal do IPHAN no Youtube às 13 horas desta quarta-feira (19.05.2021).
A festa é realizada sempre no dia 23 de junho em Corumbá e já é considerada Patrimônio Cultural e Imaterial de Mato Grosso do Sul pelo Decreto Nº 12.923, de 21/06/2010. A festa junina tem cortejo de andores e batismo do santo nas águas do rio Paraguai. Essa é mais uma representação da diversidade cultural dos festejos de São João do Brasil.
As margens do Rio Paraguai são o cenário da maior festa junina do Mato Grosso do Sul e de um dos festejos sacroprofanos mais diferenciados do Brasil. A festa remonta às origens de Corumbá e, pela sua singularidade, foi incorporada ao Patrimônio Imaterial de Mato Grosso do Sul. O evento torna-se ainda mais especial por estar inserido na capital do Pantanal, Corumbá, a maior região alagada do planeta, Patrimônio Natural da Humanidade reconhecido pela Unesco como reserva da biosfera.
A zona portuária de Corumbá, que já é protegida por lei, transforma-se em um grande arraial pantaneiro. Os cururueiros e suas violas de cocho, outro Patrimônio Imaterial de Mato Grosso do Sul, dão o toque musical à festa, que também recebe influência da cultura boliviana. Tradições do São João brasileiro como as quadrilhas juninas e comidas típicas fazem parte do arraial de Corumbá.
A parte religiosa, entre outros rituais, tem novenário em família e mastro da bandeira. Os mais de 100 “festeiros” de Corumbá capricham na decoração dos andores e altares domésticos. Seguindo a tradição, as mulheres cuidam dos quitutes juninos e os homens preparam a fogueira. A grande procissão de São João é precedida de pequenas procissões em torno das casas e em volta da fogueira. Algumas famílias mantém o banho caseiro onde a imagem de São João é batizada em tanques e cisternas.
Na noite de São João a população e turistas atraídos pela festa ocupam as ruas do Porto Geral. A descida da ladeira se transforma num ritual secular que inclui passar por baixo dos andores, caminhar descalço e banhar as dezenas de imagens conduzidas pelas famílias até as margens do Paraguai. Uma queima de fogos ilumina os céus de Corumbá anunciado a chegada do dia do santo que, segundo a Bíblia, teria batizado Jesus. Um dia para lavar a alma e festejar nas águas que simbolizam a vida da cidade e a imensidão do Pantanal.
Fonte: Ministério do Turismo