O uso da água de lastro em embarcações é um tema que gera discussões há décadas entre os principais países do mundo e voltou à tona este ano graças à Convenção Internacional sobre Controle e Gestão de Água de Lastro e Sedimentos de Navios, marcada para entrar em vigor, mundialmente, no dia 8 de setembro de 2017.
Aprovada pela International Maritime Organization – IMO (Organização Marítima Internacional), a Convenção tem como objetivo reduzir os riscos de “bioinvasões” no meio ambiente, preservando a biodiversidade e as riquezas naturais do planeta. Isso porque, mesmo com o intuito de manter a estabilidade das embarcações, a água de lastro transportada pelos navios também pode causar impactos ambientais devido à introdução de organismos aquáticos originários de outros ecossistemas, como algas tóxicas, agentes patogênicos e espécies exóticas.
Segundo dados do IMO, o transporte marítimo movimenta mais de 80% das mercadorias do mundo e transfere de 3 a 5 bilhões de toneladas de água de lastro, em média, a cada ano, deslocando cerca de 7.000 espécies entre diferentes regiões do globo diariamente.
Para combater essa migração, a entidade reguladora estabeleceu, em fevereiro de 2004, novas regras com relação a esta prática, como a que determina que cada navio tenha a bordo um plano específico e individual de gestão de água de lastro. Outra medida é a imposição de que, sempre que possível, as embarcações façam a troca da água de lastro a pelo menos 200 milhas náuticas da terra mais próxima, em zonas com pelo menos 200 metros de profundidade.
No entanto, a IMO também estipulou que o acordo só entraria em vigor um ano após um mínimo de 30 países terem aceitado as normas impostas, requisito atendido com a adesão da Finlândia em setembro de 2016. O Brasil já havia assinado a favor das regras em 2005.
O diretor do Grupo RINA na América do Sul, especializado em treinamentos certificados para os profissionais do mercado marítimo, Maurizio Nigito, é um dos profissionais que concordam com a implantação das novas regras. “Sem dúvida alguma, estas normas tendem a diminuir os riscos trazidos pela água de lastro, auxiliando na preservação da fauna marinha, dos oceanos e do meio ambiente como um todo”, afirma.
Entretanto, Nigito alerta que o acordo implica também em algumas dificuldades para que os players do setor possam atendê-lo de imediato. “Exemplos disso são os navios que já estão em operação e não possuem os equipamentos necessários para fazerem a filtragem da água de lastro, tendo que instalá-los. O problema é que eles são muito caros, além de demandarem grandes espaços das embarcações. Para os navios que estão em construção ou que ainda serão construídos é mais fácil incorporar esse tipo de tecnologia, pois podem ser planejados para contê-los desde o início dos projetos”, pondera.
Tema em Debate — O tema será um dos destaques do evento dedicado à indústria naval e offshore sulamericana, a 14ª Marintec South America – Navalshore, que ocorrerá de 15 a 17 de agosto, no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro (RJ).
No dia 17, especificamente, o diretor do Grupo RINA na América do Sul irá ministrar um treinamento exclusivo sobre o assunto para os profissionais do setor, através do curso “Introdução ao Gerenciamento de Água de Lastro”, que terá início às 18h. “Explicaremos quais são as exigências desta norma, os prazos determinados por ela, os diferentes sistemas que podem ser adotados pelos armadores para implantá-la e qual é o cenário com relação a isto de setembro para frente, além de discutir também sobre as problemáticas que estão nascendo quanto a essa questão, como a mencionada anteriormente”, complementa.
Soluções — As principais soluções para essa questão também estarão na Marintec 2017, como o sistema de tratamento de água de lastro da ION Engenharia Offshore e Naval e da GEA Equipamentos e Soluções, através de uma parceria estratégica que garante um serviço completo às empresas do setor, desde o fornecimento do equipamento ao comissionamento e pós-venda, sob responsabilidade da GEA, à instalação e engenharia, a cargo da ION.
De acordo com o diretor da ION Engenharia, Marcelo Arantes, o uso deste sistema proporciona diversos benefícios aos navios. “Isso porque o equipamento utilizado para o tratamento em si é uma unidade compacta, adaptável a qualquer tipo de embarcação, de simples operação, que não requer o uso de produtos químicos e que pode ser instalado mesmo com o navio em curso“, conclui.
Outras empresas reconhecidas no mercado, como a M&O Partners e a W&O Brasil, também levarão ao evento as suas inovações para a água de lastro.
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- Acordo deve entrar em vigor em setembro deste ano