O Brasil pega fogo, literalmente. Na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal, os focos de queimadas tomam o noticiário local, nacional e internacional e a população se pergunta: por que? A ação humana, com desmate ilegal e até mesmo como questão cultural, em que a queimada é vista como uma forma de limpeza de áreas, afetam diretamente os complexos sistemas ecológicos e causam consequências dramáticas para o meio ambiente e a saúde humana. A situação é tão grave que governos do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso decretaram situação de emergência devido ao fogo que se alastra por grandes áreas.
O Brasil é conhecido em nível mundial pela sua imensurável biodiversidade, patrono de uma rica heterogeneidade de ambientes, que por sua vez abriga inúmeras espécies de seres vivos, todos interligados por complexos sistemas ecológicos. Tais sistemas compõem processos comportamentais e fisiológicos que estruturam as comunidades existentes em um ecossistema, formado por relações específicas entre as espécies, como por exemplo, a importância dos polinizadores na reprodução das plantas, ou mesmo predadores que controlam as populações de suas presas, em um dramático e complexo sistema. As especificidades dos ambientes os tornam vulneráveis quando perturbados, ainda mais diante das ameaças causadas pelo aumento das necessidades da população humana.
Nos últimos dois meses, as queimadas na Amazônia e no Cerrado não foram sigilosas, provendo nuvens de fumaça que encobriram diversas cidades brasileiras, incluindo a capital sul-mato-grossense. Focos de incêndios se estenderam por mais de três semanas ampliados pelo período de estiagem, alterando assim a estrutura da vegetação, o que causa mudanças nas populações e comunidades que dependem dela, deixando um mosaico de manchas queimadas em meio à paisagem.
Os incêndios recentes estão devastando os biomas que concentram uma biodiversidade imensurável. A intensificação dos incêndios impactará diretamente a crise climática, aumentando as emissões de carbono, assim como a dispersão da fumaça compromete a qualidade do ar, causando problemas sociais, econômicos e de saúde pública. No nível ambiental, o impacto causa morte muitos animais e plantas, incluindo espécies simbólicas da fauna nacional e ameaçando a regeneração dos ambientes.
Desastres ambientais de grandes magnitudes são difíceis de controlar, necessitando de políticas efetivas, educação e conscientização ambiental, rigorosa fiscalização e acordos entre produtores rurais, organizações não-governamentais (ONGs), comunidades locais, cientistas e órgão governamentais. De forma geral, cada um pode auxiliar na mitigação de tais problemáticas, seja buscando informações a respeito dos desastres, utilização consciente redes sociais, doações e acompanhamento de autoridades competentes.
*Allan Corral Anjos, Biólogo egresso da UCDB