Promover o salto tecnológico de micro, pequenas e médias empresas industriais brasileiras é o foco principal do novo programa Brasil Mais Produtivo, que será oficialmente lançado na próxima quinta-feira (16/11) pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. O lançamento acontecerá às 10h na sede da Confederação Nacional da Indústria, em Brasília.
“Trata-se do maior e mais impactante programa de produtividade e transformação tecnológica para micro, pequenas e médias empresas industriais já implantado no Brasil, conectado com a política de neoindustrialização inovadora, sustentável e indutora do desenvolvimento social”, afirma o ministro. “Com isso, ganhamos em competitividade e geramos emprego e renda de alto valor agregado – tanto na indústria como nos serviços”.
A nova fase do programa vai destinar R$ 2,037 bilhões para o engajamento digital de 200 mil indústrias, com atendimento direto a 93,1 mil empresas nos próximos três anos. Para fortalecer ainda mais a iniciativa, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria Comércio e Serviços (MDIC) articulou e trouxe para dentro do programa as instituições financiadoras BNDES, Finep e Embrapii, que agora se somam às parcerias já consolidadas com ABDI, Sebrae e SENAI – esses dois últimos como executores e com aporte de recursos próprios.
Com a união inédita de vários parceiros estratégicos, o novo Brasil Mais Produtivo oferecerá um ciclo completo de acesso ao conhecimento. As empresas atendidas vão entrar numa Jornada de Transformação Digital que passa por aperfeiçoamento da força de trabalho, requalificação, melhores práticas de gestão, digitalização, otimização de processos produtivos e aumento de eficiência energética, culminando com crédito a juros baixos ou recursos não-reembolsáveis para adoção de tecnologias ligadas à indústria 4.0 e às “smart factories”, ou fábricas inteligentes.
Visão sistêmica
Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, o programa vai construir um ecossistema de produtividade excepcional no país.
“É um passo importante para posicionarmos o que queremos para a indústria brasileira, já que enfrentamos graves problemas de produtividade. O programa se difere de outros pela visão sistêmica e capacidade de investimento, pois une consultoria a ação educacional para que os trabalhadores da indústria se apropriem do conhecimento e tenham autonomia para continuar o processo depois da saída do consultor“, acrescenta Alban.
Já a gerente de Transformação Digital da ABDI, Adryelle Pedrosa, destaca que os empresários entendem a importância da inovação, sabem que precisam agir e estão abertos a transformar seus negócios.
“Isso foi demonstrado no Mapa da Digitalização das MPEs brasileiras, realizado pela Agência em parceria com a FGV”, lembrou Adryelle. “O levantamento apontou que 68% deles estão abertos para participar de um programa de aceleração de sua maturidade digital. E o Brasil Mais Produtivo atua justamente nessa direção”, afirmou.
Estima-se que, de todas as empresas atendidas nesta nova fase do Brasil Mais Produtivo, ao menos 8,2 mil alcancem a chamada “fronteira tecnológica” ao final do processo – com instalação de sensores digitais na linha de produção, interligação de sistemas por computação em nuvens, utilização de Big Datas, IoT (internet das coisas), impressão 3D e inteligência artificial.
BNDES, Finep e Embrapii serão especialmente importantes nessa fase.
“Estamos engajados em apoiar o fortalecimento deste programa fundamental para a aceleração da difusão de tecnologias digitais, que irá contribuir para o aumento da produtividade e da competitividade da economia”, disse o presidente da Finep, Celso Pansera.
Segundo ele, a transformação digital é essencial para a indústria brasileira e é um dos focos prioritários de apoio pela Finep. “Ao adotar tecnologias avançadas de digitalização, as empresas otimizam seus processos, reduzem custos e melhoram a qualidade de seus produtos”, afirmou.
Já diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luis Gordon, destaca que a participação no novo Brasil Mais Produtivo reforça a missão do banco no apoio às micro, pequenas e médias empresas.
“A digitalização de processos e a inserção de novas tecnologias de manufatura avançada são essenciais para a recuperação da produtividade, ajudando também a promover a integração da indústria com o setor de serviços de valor agregado”, disse ele. “Essa parceria entre as diversas instituições, com a utilização dos recursos e instrumentos de maneira complementar, está totalmente alinhada à nova política industrial. E a união de esforços permitirá a ampliação do impacto no apoio à inovação e digitalização”.
Para o diretor de Planejamento e Relações Institucionais da Embrapii, Igor Nazareth, os maiores trunfos do novo Brasil Mais Produtivo são o olhar abrangente sobre as necessidades internas das empresas para promover ganhos de produtividade e a transformação digital, e o encadeamento de diferentes instrumentos e instituições para oferecer um apoio completo.
“As etapas iniciais do programa apoiam os primeiros passos das empresas na melhoria de processos e na transformação digital. A Embrapii entra nas etapas mais avançadas para complementar o que é oferecido pelos demais parceiros. Vamos oferecer recursos não reembolsáveis e apoio técnico das nossas Unidades para fomentar o desenvolvimento de novas tecnologias digitais que tragam ganhos de produtividade para a indústria brasileira como um todo”, destaca Nazareth.
Jornada de Transformação Digital
O Brasil Mais Produtivo existe desde 2016. De lá para cá, as instituições parceiras têm atuado separadamente em duas frentes: enquanto o Sebrae presta consultorias ao setor de Comércio e Serviços, o SENAI atende a indústria.
Na nova configuração, as unidades do SENAI e do Sebrae atuarão de forma coordenada, identificando as metodologias que melhor se aplicam às empresas atendidas, com técnicas para promoção de manufatura enxuta e eficiência energética, adoção de melhores práticas de produtividade e digitalização da gestão do negócio.
Nas etapas de apoio à transformação digital propriamente dita, o primeiro passo será a elaboração de diagnóstico da maturidade para adoção de tecnologias industriais inteligentes, seguido de elaboração de projeto customizado, solução de financiamento e acompanhamento da implantação.
O presidente do Sebrae, Décio Lima, destaca que, para a indústria voltar a crescer, é fundamental apoiar as micro e pequenas empresas desse setor.
“O Sebrae vai preparar esses empreendedores tanto para as oportunidades como para os desafios da nova política industrial. Os pequenos negócios são peça-chave para a neoindustrialização brasileira. O Sebrae tem o compromisso da inovação, da sustentabilidade e inclusão”.
Ele lembra que o programa prevê várias etapas e que caberá ao Sebrae, junto com outros parceiros, a sensibilização de 200 mil empresas.
A porta de entrada para todas as empresas que pretendem participar do Brasil Mais Produtivo, inclusive dos setores de comércio e serviços, que continuarão a ser atendidos normalmente, é o site da ABDI, que vai direcionar os interessados para as modalidades do programa e para as respectivas páginas dos parceiros Sebrae e SENAI.
Para esta nova fase do programa, o SENAI desenvolveu uma plataforma digital com materiais, cursos e ferramentas de produtividade e transformação digital que facilitarão o aprendizado e a aplicação contínua por parte das empresas.
Nova política industrial
A modernização tecnológica das pequenas e médias empresas faz parte da Nova Política Industrial Brasileira, que está em construção no Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) e é guiada pelo conceito de missões.
São seis as missões definidas pelo CNDI. Entre elas, a que mais se alinha ao novo Brasil Mais Produtivo é a Missão 4, que busca “aumentar a produtividade da indústria brasileira por meio da incorporação de tecnologias digitais, especialmente as desenvolvidas e produzidas no país”.
Modalidades do programa
O novo Brasil Mais Produtivo terá quatro modalidades de atendimento até 2027, a saber:
Plataforma de produtividade
– Até 200 mil micro, pequenas e médias empresas terão acesso a cursos, materiais e ferramentas sobre produtividade e transformação digital.
Diagnóstico e melhoria de gestão
– Até 50 mil micro e pequenas empresas receberão orientação e acompanhamento contínuo de Agentes Locais de Inovação e outros instrumentos do Sebrae para aumento da produtividade, além de projetos setoriais do Sebrae que também serão oferecidos.
Otimização de processos industriais – consultoria mais educação profissional
– Até 30 mil micro e pequenas empresas serão atendidas por consultoria em Lean Manufacturing ou Eficiência Energética e aperfeiçoamento profissional do SENAI.
– Até 3 mil médias indústrias serão atendidas por consultoria em Lean Manufacturing ou Eficiência Energética e aperfeiçoamento profissional do SENAI.
Transformação Digital
– 360 empresas apoiadas com desenvolvimento de tecnologias 4.0.
– 8,4 mil MPMEs serão beneficiadas com soluções desenvolvidas por empresas provedoras de tecnologias 4.0, via chamadas Smart Factory, além da possibilidade de contratação de pós-graduação em Smart Factory do SENAI com desconto.
– Até 1,2 mil médias empresas serão contempladas com um plano completo de transformação digital, da elaboração do projeto de investimento ao acompanhamento.