Válida pela última etapa do Campeonato Mundial de Rally Cross-Country, que realiza corridas no estilo Dakar, a 20ª edição do Rally do Marrocos reunirá vários dos maiores e mais famosos especialistas internacionais da modalidade. Eles competirão a partir deste sábado (5) no coração do deserto de um dos mais antigos e icônicos reinos do planeta. Largando do acampamento montado nas areias do Saara, a dupla brasileira Reinaldo Varela/Gustavo Gugelmin tentará a conquista de um inédito tricampeonato mundial, uma façanha que exigirá toda a habilidade que já concedeu ao duo da equipe Monster Energy/Can-Am duas vitórias (Qatar e Cazaquistão) e um segundo lugar (Emirados Árabes) na atual temporada. Os brasileiros lideram a classificação da categoria UTV com 65 pontos e precisam de apenas dois para ficar fora do alcance de seus mais diretos rivais, os russos Fedor Vorobyev e Kirill Subin.
Varela e Gugelmin completaram nesta sexta-feira os preparativos finais para a corrida, que terá cinco dias de duração a partir de amanhã, quase sempre em um teste de resistência nas dunas marroquinas. “Carro de corrida é como obra de arte, você sempre quer atingir a perfeição. E a nossa equipe é perfeccionista”, diz Reinaldo Varela. “Hoje foi um dia de muito trabalho, rechecamos tudo, repassamos a estratégia… Em rallies desse nível, cada detalhe conta. Se você me perguntar, eu te garanto que a nossa equipe está preparada. Mas os concorrentes também estão. Então, o tempo todo nós damos o máximo. A partir de amanhã, é pra valer”, diz Varela, bicampeão mundial em 2001 e 2012.
Nesta sexta-feira, a caravana do Rally do Marrocos deixou a região da antiga cidade de Fez e se dirigiu ao bivouac – um acampamento – em uma área situada a 50 quilômetros de Erfoud, pequena cidade conhecida como última parada antes de se entrar no Saara. A região também abriga o Erg Chebbi, vasta área de dunas, praticamente sem vegetação, normalmente varrida pelo vento seco e quente do deserto. As dificuldades naturais do trajeto, no entanto, estão dessa vez acompanhadas pela apreensão das duplas em função da estreia de um novo sistema de planilhas de navegação.
“A diferença básica é que tradicionalmente nós recebemos a planilha de navegação com um dia de antecedência. Além de ser o mapa que nos orienta na corrida, nós anotamos nela os perigos, como pontes, grandes saltos, rochas ou qualquer situação ameaçadora no caminho. Também indicamos níveis de velocidade, além de tipo de curva e níveis de dificuldade de cada trecho”, explica Gustavo Gugelmin. “No sistema que vão estrear amanhã, a planilha já virá com marcações. Mais do que isso, a partir do terceiro dia só teremos a planilha na mão com cinco minutos de antecedência em relação à largada. É uma mudança que pode causar alguma dificuldade extra, pois não teremos as nossas próprias informações anotadas. É algo inédito, mas que será igual para todos, e vai realçar a capacidade das duplas de raciocinar rápido durante a corrida – o que é um dos atributos das boas parcerias nos rallies”, detalha o navegador da equipe Monster Energy/Can-Am.
O Rally do Marrocos contará com um total aproximado de 2.600 quilômetros, distribuídos nos cinco dias de competição. Este sábado será composto de 300 quilômetros de especiais (trechos cronometrados percorridos em alta velocidade) e 137 de deslocamento. “Nossa meta aqui é tentar a conquista do título. Por isso é importante nos posicionarmos bem desde o primeiro dia, para evitar pressão desnecessária na demais fases da corrida”, diz Varela. “Os próximos cinco dias serão muito importantes para a gente. Por mais experiente que você seja, antes de um rally como esse sempre dá um frio na barriga”, completa o piloto da equipe Monster Energy/Can-Am.