2019 promete ser um ano de superação para o surfista brasileiro Caio Ibelli. Recuperado da fratura no pé direito, que o tirou de quase todas as etapas do CT no ano passado, o surfista de Guarujá terá de fazer uma temporada de recuperação e já organiza suas metas. A primeira delas, um novo patrocinador. Nos últimos dias de 2018 ele foi surpreendido com as comunicações que não teria a vaga de “injury wildcard” no Circuito, oferecida pela World Surf League (WSL) a atletas que se lesionaram, e também do final de seu contrato de patrocínio com a Oakley.
Caio estava na expectativa de garantir sua permanência no Tour, depois de ficar fora de nove das onze etapas (só competiu na abertura e na final), mas a WSL oficializou o retorno de John John Florence e Kelly Slater. “Foi uma decisão muito inesperada. Estava com o suporte de 100% dos atletas do Tour, que por sinal estavam bem ativos lutando por mim nas reuniões. Estava tudo parecendo que ia dar certo”, fala. “Me ofereceram duas vagas (Margaret e Keramas), porém é pouco para pensar em reclassificação”, ressalta.
“Estava com algumas propostas de patrocínio para 2019, caso confirmassem a vaga no Tour, mas depois do comunicado nada foi para frente. Estamos aí na batalha e sou uma pessoa do bem, as coisas vão fluir pra mim depois dessa turbulência”, diz o atleta de 25 anos.
Campeão mundial pro júnior em 2011, pela WSL, Caio ingressou na elite mundial em 2016, ano que garantiu o título de “Rookie of the Year”, o novato do Circuito. Neste ano, ele sofreu a fratura um dia antes do início da segunda etapa, em Margaret Rivers, na Austrália. “Estava treinando no Main Break, dei um aéreo e quando voltei acabei tendo duas fraturas e o rompimento do ligamento Lisfranc. Fiquei exatamente quatro meses fora d’água, fazendo fisioterapia intensiva”, lembra.
Nesse período fora de disputas, foram duas sessões de fisioterapia por dia e treinamento físico sem o pé no chão. “Tratei com todos os médicos da WSL para ter certeza de que tudo estava certinho e da maneira que era para ser. Para não ter dúvidas que eu fiz tudo para voltar a competir o mais rápido possível”, conta.
Sua primeira onda foi em 10 de setembro, no Surf Ranch, no dia da final da etapa do CT. “Peguei a primeira onda do dia com uma prancha que eu mesmo fiz o shape. Foi demais!”, recorda o atleta, que lá também teve a primeira conversa com a WSL sobre a vaga 2019. “Eles não estavam muito abertos para achar soluções. E admitiram ser difícil deixar o Kelly e o John John de fora, independente do que o Kelly estaria fazendo nas horas vagas”, revela. “Tenho muito respeito pelo Kelly e pelo John John, por tudo o que fizeram, mas assim como eles, estou buscando o meu espaço”, argumenta.
“Quando você se lesiona, eles pedem os laudos médicos para avaliação. A partir daí, tem uns cinco médicos avaliando os laudos e gravidades, maneira como foi tratado, disciplina do atleta para cumprir as ordens do tratamento etc. O que eu não sabia era que a WSL tem um setor fora os médicos, que avaliam a popularidade e as conquistas dos atletas e achava, até então, que o Injury Wildcard, como diz o nome, era para quem está machucado”, desabafa.
No mesmo período Caio perdeu seu patrocinador principal, depois de 15 anos de parceria. “Não tenho medo do QS, mas estou bem desgostoso e confuso. Preciso deixar a cabeça esfriar para repensar em tudo, mas sem patrocínio tudo fica mais difícil. 2019 era um ano de um recomeço para mim. Estava ansioso e super contente por voltar ao ritmo que estava antes e saudável para começar o CT com o pé direito. Um ano muito importante para tentar me classificar para a olimpíada também! Com essa decisão da WSL tenho muito a perder, muito mesmo. Minha carreira está em jogo”, destaca.
Apesar de chateado, Caio sabe que tem de dar a volta por cima e organiza as suas metas, refaz todo o seu planejamento, sabendo que terá um ano de superação. “Péssima hora que tudo aconteceu. Me machucar no mesmo ano que dois campeões mundiais. Foi muita falta de sorte, mas acho que Deus tem um propósito para tudo e vai ter uma luz no fim do túnel! Estou tentando avaliar todas as minhas chances e possibilidades. Com a cabeça quente, fica difícil pensar claramente, então estou tentando me manter calmo para tomar decisões que não vou me arrepender no futuro”, finaliza.