A Caoa Chery já definiu seu próximo passo no mercado brasileiro: vai disputar o segmento de sedãs compactos em breve, atacando modelos maiores e mais modernos, como Fiat Cronos, Toyota Yaris e Volkswagen Virtus. Esta será a missão do Arrizo 5, que começa a ser produzido em outubro na fábrica de Jacareí, no interior de São Paulo. A estreia acontecerá no fim do ano, pegando carona no Salão do Automóvel de São Paulo.
Para fabricar o modelo em solo brasileiro, a montadora vai instalar uma nova linha na unidade paulista e contratar cerca de 120 funcionários. A empresa não divulgou o valor do investimento, mas o diretor-presidente da Caoa Chery, Márcio Alfonso, confirmou a jornalistas que os contratos terão início entre agosto e setembro, e a investida incluí aperfeiçoamentos na estrutura da fábrica de Jacareí, devido ao “alto nível do produto”.
Novos SUVs no forno
Além do Arrizo 5, a Caoa Chery vai lançar dois SUVs inéditos ainda neste ano. Estão confirmados o Tiggo 4, chamado de 5X em mercados asiáticos, e o Tiggo 7, utilitário maior que pretende desafiar Honda HR-V, Jeep Compass e até o médio Hyundai ix35. Estes serão produzidos na fábrica de Anápolis, em Goiás, onde a Caoa monta atualmente SUVs da Hyundai. A unidade é responsável por produzir o velho Tucson, o ix35 e o New Tucson.
A dupla chino-brasileira também promete o “refino tecnológico” do Arrizo 5 na construção e na mecânica. Ambos virão equipados com um motor 1.5 turbo a gasolina associado a um câmbio automático de dupla embreagem e sete marchas. Contudo, embora moderno, o conjunto gera 146 cv de potência e 21,4 kgfm de torque a partir de 1.500 giros, números modestos. A própria Caoa Chery já admitiu que pode oferecer um 2.0 turbo.
Já em conteúdo os SUVs virão bem equipados, à moda chinesa. Haverá ar-condicionado de duas zonas, sistema de câmera 360°, teto solar panorâmico, alerta de mudança involuntária de faixa, bancos dianteiros elétricos e aquecíveis, entre outros. O Tiggo 4 será posicionado logo acima do Tiggo 2, na faixa entre R$ 80 mil e R$ 100 mil, enquanto o Tiggo 7 custará acima dos R$ 100 mil. É uma estimativa inicial que pode mudar com o dólar.
Imbróglio com a Hyundai
A compra da Chery pela Caoa no finzinho de 2017 estremeceu ainda mais a relação do grupo brasileiro com a Hyundai. O contrato de exclusividade da linha de importados, que incluí os SUVs produzidos em Anápolis e os modelos trazidos do exterior, já dura uma década e tem outros 10 anos firmados. Entretanto, em abril a montadora sul-coreana tentou romper o contrato. O caso foi parar na 2ª Vara Empresarial e Conflitos de Arbitragem de São Paulo, e agora será julgado em Frankfurt, na Alemanha, em meados de agosto.
Até lá, o contrato atual segue em vigor. Segundo Sergio Bermudes, advogado que defende a Caoa, o acordo só poderia ser rompido se a empresa não cumprisse com sua obrigação de compra e venda mínimas de veículos, ou se o contrato fosse rescindido por inadimplência. “Os executivos da Hyundai chegaram a acenar com a necessidade de fazer um novo contrato com redução da validade de dez para dois anos”, revelou.
Ainda de acordo com o advogado do grupo Caoa, o prazo de 90 dias para que as empresas cheguem a um acordo termina em meados de agosto. Caso não encerrem o impasse, o processo voltará para a justiça brasileira. Na época do anúncio de rompimento, entramos em contato com o fabricante sul-coreano, que preferiu não comentar processos em andamento. “A Hyundai Motor Brasil não comenta assuntos relacionados a contratos com seus parceiros comerciais”, afimou em nota oficial.
No final de 2017, o grupo brasileiro se tornou sócio da Chery, que estava à beira do colapso. Pelo acordo firmado entre as empresas em Pequim (China), a brasileira pagará US$ 60 milhões para ter 50% das ações da filial daqui, enquanto a matriz chinesa mantém a outra metade dos papéis. A meta é ousada: conquistar 5% do mercado local nos próximos cinco anos — até 2022. O primeiro produto da ofensiva é o Tiggo 2, que é produzido em Jacareí, chegou em maio e ganhou câmbio automático na sequência, em junho.