Nascida em Corumbá, Mato Grosso do Sul, no dia 26 de janeiro de 1903, filha de uma boliviana, Maria Velasco, e de um gaúcho, Francisco Sértório Portinho. Logo na infância, mudou-se com os pais e os outros nove irmãos para o Rio de Janeiro, na época Distrito Federal.
Em 1919, ela organizou, com Bertha Lutz o movimento sufragista. Colaborou na fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, atuando como tesoureira e 1º vice-presidente. Na defesa do direito das mulheres ao voto, Carmen e outras companheiras chegaram a sobrevoar o Rio de Janeiro, na década de 1920, lançando panfletos em defesa do sufrágio feminino.
Carmen aconselhava às mulheres que não mudassem o nome ao se casar, em atitude de independência e resistência.
Desde 1925, ainda no último ano do curso de engenharia, começou a dar aulas no Colégio Pedro II. O fato de uma mulher ministrar aulas num internato masculino foi considerado um escândalo. O ministro da Justiça quis interferir em sua nomeação para o colégio, mas não conseguiu afasta-la. Na época, seu pai havia falecido. Ela então, montou uma lojinha para que suas irmãs pudessem trabalhar com datilografia. Ela dizia que a emancipação econômica da mulher é a base da sua emancipação social e política.
Em 1926, formou-se na engenharia civil, pela Escola Politécnica da Universidade do Brasil. Foi a terceira mulher a se formar engenheira no país. No mesmo ano, ingressou na prefeitura do Distrito Federal, na diretoria de Obras e Viação.
Sempre ativa no movimento feminista, em 1930, ela criou a União Universitária Feminina. Em 1936, ingressou na Universidade do Distrito Federal no curso de urbanismo, de pós-graduação.
Fundou em 1937, a Associação Brasileira de Engenheiras e Arquitetas (ABEA), visando impulsionar mulheres formandas a ingressar no mercado de trabalho.
Em 1939, obteve o título de urbanismo na Universidade Distrito Federal, defendendo a tese “A Construção da Nova Capital do Brasil no Planalto Central”. Foi a primeira mulher no Brasil a obter o título de urbanista. Após a formação, recebeu uma bolsa do Conselho Britânico para estagiar junto às comissões de reconstrução e remodelação das cidades inglesas destruídas pela guerra. A viagem durou 24 dias de navio.
Representou o Brasil no Congresso Feminino Pró-Paz, realizado em 1950, na França.
Em 1952, assumiu a diretoria executiva adjunta do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, instalado provisoriamente no do Edifício do MEC. Permaneceu no cargo por mais de 15 anos.
Em 1954, chefiou as obras de engenharia civil da construção da nova sede do MAM, no aterro da Gloria.
Carmen é uma das responsáveis pela introdução do conceito de habitação popular no Brasil, propôs ao prefeito, a criação de um Departamento de Habitação Popular, sendo nomeada diretora. Nele, ela construiu, na década de 50, o conjunto residencial Pedregulho, em São Cristóvão, zona norte do Rio de Janeiro. Affonso Eduardo Reidy, seu companheiro, é o arquiteto autor do projeto.
Em 1966, foi convidada pelo então governador Negrão de Lima, para ser diretora da Escola Superior de Desenho Industrial – Esdi – a primeira escola de desenho industrial da América Latina. Por duas décadas, Carmen Portinho dirigiu a escola. Posteriormente, a Esdi foi incorporada à Universidade Do Estadual do Rio de Janeiro, onde trabalhou até aos 96 anos.
Ao longo de sua vida, recebeu inúmeras medalhas, títulos, homenagens e convites. Participou como jurada nacional de diversas bienais nacionais (SP – Brasil) e internacionais, de salões nacionais de artes plásticas, ministrou palestras, organizou exposições de artes plásticas, arquitetura e design. Viajou a convite de diversos países e continentes (Israel, China, Japão, Europa, Escandinávia, América Latina, Rússia, Estados Unidos da América, Índia, entre outros).
Faleceu no dia 25 de junho de 2001, aos 98 anos.
Fonte:
“Carmen Portinho – Por toda a minha vida” – depoimentos a Geraldo Edson de Andrade e Alfredo Britto – Depoimentos de Zuenir Ventura, Anna Letycia, Ferreira Gullar, Barbosa Lima Sobrinho, Freddy Van Camp, Roberto Burle Marx. EdUERJ – 1999.
Série Perfis do Rio – “Carmen Portinho” de Ana Luiza Nobre – Ed. Relume Dumará – Secretaria Municipal de Cultura – 1999.
http://asminanahistoria.wordpress.com/2017/02/05/carmen-portinho-a-pioneira-do-urbanismo-no-brasil/