Está em debate, na Câmara dos Deputados, o reconhecimento, como herói brasileiro, de João Cândido, líder do movimento de marinheiros que, em 1910, exigiu o fim dos bárbaros castigos físicos praticados na Marinha de Guerra.
Vinte e dois anos depois da edição da Lei Áurea, que aboliu a escravatura, o uso da chibata para punir atos de indisciplina de marinheiros – quase todos negros que tinham sido escravizados ou eram descendentes destes – ainda existia em grande escala nos navios e nas unidades da Marinha.
Como resultado do movimento, depois de um impasse que durou vários dias, a chibata acabou abolida na Marinha, ainda que a um custo altíssimo, pois os termos acordados pelos revoltosos com as autoridades não foram respeitados pelo governo e as represálias aos participantes do movimento foram brutais. Centenas de participantes da revolta foram assassinados.
Hoje, a aprovação do reconhecimento do papel de João Cândido como herói brasileiro é da maior importância. Não só como ato de justiça e reconhecimento à luta do “Almirante Negro” e de seus companheiros na defesa dos direitos humanos e de uma sociedade mais civilizada, como também no impacto positivo que a medida pode ter na condenação de atos de violência contra os segmentos mais vulneráveis da sociedade brasileira.
Por essas razões, a ABI apela aos parlamentares para que aprovem a proposta e oficializem o reconhecimento de João Cândido, imortalizado na música “O mestre-sala dos mares”, de Aldir Blanc e João Bosco, como um dos heróis de nosso País.
Paulo Jerônimo
Presidente da Associação Brasileira da Imprensa