O aumento de casos de COVID-19 causados pela variante ômicron e seus diferentes reflexos no organismo humano pode ser uma das explicações para o segundo maior número de óbitos registrados pelos Cartórios de Registro Civil sul-mato-grossenses em janeiro, desde o início da série histórica em 2003, e que contabilizou um aumento de mais de 55% nos falecimentos por pneumonia em comparação ao mesmo mês de 2021.
Em janeiro de 2022 foram registrados 1.680 óbitos no Estado, uma queda de 2,59% em relação a 2021, que registrou 1.805 mortes no mês, e que havia registrado crescimento de 39% nas mortes em relação a janeiro de 2020, ainda antes do início da pandemia no Estado. Já as mortes por pneumonia passaram de 190 em janeiro de 2021 para 295 neste ano. Em 2020, antes da pandemia, foram 230 mortes pela doença.
Os dados constam no Portal da Transparência do Registro Civil, base de dados administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen/BR), abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos 7.658 Cartórios de Registro Civil do País — presentes em todos os 5.570 municípios brasileiros -, e cruzados com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que utilizam como base os dados dos próprios cartórios brasileiros.
Outro dado observado pelos números de óbitos registrados pelos Cartórios do Mato Grosso do Sul está relacionado ao crescimento de mortes por doenças do coração em janeiro deste ano na comparação com o primeiro mês do ano passado: AVC (30%), Infarto (3%) e Causas Cardiovasculas Inespecíficas (10%). Também registraram crescimento as mortes por Septicemia (34%), Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) (62%) e Indeterminada (100%). Já os óbitos por Covid-19 tiveram redução de 68% no período.
“Acompanhar os dados no Portal da Transparência é uma forma de informação capaz de conscientizar a população por meio dos números, uma vez que eles refletem fielmente o que está acontecendo no estado”, destaca o presidente da Arpen-MS, Marcus Roza. “Os números dos Cartórios mostram que, em tempos de incertezas, como o da Covid-19, pode crescer o número de outras doenças, como no caso da pneumonia e a SRAG”, completa.
Mortes Violentas crescem
Apesar de o total de mortes em janeiro de 2022 em Mato Grosso do Sul ter diminuído 2% e os falecimentos por Mortes Naturais — aquelas causadas por doenças — também caírem 6,9%, as Mortes por Causas Violentas — aquelas em razão de homicídios, acidentes de veículos, suicídio, entre outras — aumentaram 88%, o que mostra que a diminuição do isolamento eleva os índices de óbitos em razão de acidentes e crimes. Na comparação de janeiro de 2020, antes do isolamento, com janeiro de 2021, houve queda de 30% nas Mortes Violentas.
O número de óbitos registrados nos meses de 2022 ainda pode vir a aumentar, assim como a variação da média anual e do período, uma vez que os prazos para registros chegam a prever um intervalo de até 15 dias entre o falecimento e o lançamento do registro no Portal da Transparência. Além disso, alguns estados brasileiros expandiram o prazo legal para comunicação de registros em razão da situação de emergência causada pela COVID-19.