Chapéus Karandá, a marca de Rio Verde na cabeça do Brasil

Ao lançarmos um rápido olhar em cada um dos elementos que a compõem a vestimenta do Homem Pantaneiro, vamos notar a diferença em seu jeito de falar, de andar, de se comportar, a riqueza da oralidade, porém o chapéu mereceria e merece um aprofundado estudo e nos traria resultados e conhecimentos maravilhosos com toda a certeza.

Por isso ao usarmos um chapéu hoje em dia, podemos perceber que ele não é somente mais um acessório que protege a cabeça das pessoas do sol escaldante de todos os dias, principalmente em Mato Grosso do Sul, onde os peões pantaneiros tradicionalmente, usam o artigo como parte natural do corpo na lida da vida rural.

Foto: Victor Currales

Com o estilo country e o sertanejo universitária, este tipo de artigo pessoal tomou conta do país, fazendo com que os chapéus produzidos em Rio Verde de Mato Grosso-MS, ganhassem a simpatia de dezenas de duplas musicais, além é claro, de “fazer a cabeça” dos personagens e do público dos grandes encontros dos clubes de tiro de laço e nos espetáculos de rodeio realizados por todo o país.

Segundo Mariano Alcaras Filho, o Dudú, eles e sua família chegaram na cidade de Rio Verde de Mato Grosso-MS, em 2001, vindo de Poconé-MT, após uma rápida passagem por Aquidauana como vendedor, em Rio Verde, adquiriram uma pequena chácara e instalou a fábrica de chapéus Karandá, cujo nome/marca surgiu da opinião de um colaborador que associou a matéria prima da palmeira Carandá.

A inquietude e a visão empreendedora de Mariano o impulsionou a agregar valor ao chapéu que até então era pouco valorizado no mercado, comprou então um equipamento de uma antiga marca no interior de São Paulo, passando então a produzir novos modelos e numa escala mais industrial do que artesanal.

Atuando de forma sustentável, já que a palha utilizada como matéria prima evita o desmatamento da região nordeste do Brasil e a empresa busca também a valorização da cultura pantaneira. Atualmente os chapéus e outros produtos com a marca Karandá como facas, selaria, Cintos, Cantil e garrafa térmica encapado com couro, erva mate, bolsas e bonés são vendidos para outros Estados da Federação, entre eles, Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Acre, Roraima, Pará, Tocantins, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Piauí e Mato Grosso do Sul.

Além disso, a empresa também está colaborando com a ressocialização de internos de Mato Grosso do Sul, ao utilizar a mão de obra de internos, na fabricação e acabamento dos chapéus e outros itens da marca.

Crescimento

Inicialmente eram produzidas 200 unidades por mês, e atualmente a produção chega a 30 mil chapéus ao mês, e o faturamento, pulou de R$ 100 mil para R$ 800 mil. A fábrica hoje emprega cerca de 35 pessoas com 50 microempreendedores com distribuição terceirizada, num sistema inovativo de gestão administrativa. O modelo de chapéu mais comum é o chapéu de palha de carnaúba, cuja matéria prima vem do Maranhão e Ceará. É o tipo mais comum, usado principalmente entre os peões pantaneiros e produtores rurais da região.

Cenário

Antes de visitarmos a fábrica, Mariano nos recebeu em sua sala com o refrescante tereré, momentos de uma conversa extremante agradável onde pudemos falar sobre esse histórico da empresa e ampliarmos o olhar para o futuro.

O momento é de mudança de governo federal, que sempre traz uma séria preocupação aos que investem no setor industrial. Para Mariano o universo do mercado que atua tem potencial para crescimento, porém acredita que algumas coisas têm que ser mudadas para que o setor volte a produzir sem sustos ou tropeços.

Mariano explicou que atualmente a complexidade do sistema tributário, impedem o crescimento das empresas, por isso a reforma fiscal e tributária, necessitam um estudo urgencial, para que em todos os estados haja isonomia fiscal dando a todos igualdade, competitividade com os índices de ICM e as Leis de Incentivo não tirem uma empresa de um lugar para outro e sim estimulem o surgimento de novas empresas e também as relações trabalhistas seja aprimorada com a participação de empresários e não apenas de políticos.

Finalizando Dudú, de 49 anos, casado, cinco filhos, aquariano e flamenguista fez questão de dividir e valorizar sua equipe de trabalho, sua família que fizeram juntos o caminho de crescimento da Chapéus Karandá ser hoje reconhecida como uma das principais marcas de chapéus do mercado.

“Podemos dizer que temos orgulho de estar construindo uma história de consolidação no mercado, passamos por inúmeras fases, crises, mas demostrando que é importante acreditar e investir em nossos sonhos”, ensina Mariano.

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