Chico Barreto se despede: “Aprendi muito com a derrota e voltava ainda mais forte e melhor”

Esporte Clube Pinheiros presta homenagem a um dos principais ginastas brasileiro; foram 10 anos dedicados ao Clube, com vitórias, conquistas e participações. Olímpicas

Todo ciclo tem seu começo e fim. Hoje, 8 de fevereiro de 2025, encerra-se uma das histórias mais bonitas da ginástica artística brasileira: Francisco Barreto, ou Chico Barreto, termina uma trajetória de sucesso no Pinheiros, com realizações e conquistas, que foi coroada com uma linda homenagem promovida pelo Clube.

E se o ginasta resumisse a carreira em uma frase, ela seria: “Sucesso. Aprendi muito com a derrota e voltava ainda mais forte. Cada derrota que eu tive, o sucesso na volta foi maior“. Disse, antes de completar.  “Fiz o meu melhor, poderia ter voltado com a medalha Olímpica, mas agradeço demais ao Esporte Clube Pinheiros por esses 10 anos: Um Clube incrível, com estrutura e profissionais incríveis, que só tende a fazer mais pelo esporte brasileiro”, comentou agora o ex-atleta, sem esconder a emoção.

Chico Barreto. – Foto: Gabriella Garbim/ECP

E nessa linda, longa trajetória, os amigos, as viagens e os momentos se tornaram inesquecíveis, como nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016. “Foi a primeira equipe a disputar a Olimpíada na categoria masculino e dentro de casa, com ginásio lotado, foi uma sensação indescritível. Um momento muito especial”,contou o ginasta, que foi finalista na barra fixa e terminou na quinta posição. Barreto também disputou a Olimpíada seguinte, em Tóquio, no ano de 2021.

Apesar de não ter conquistado a medalha Olímpica, as subidas ao pódio foram várias. As principais destacam-se os quatro ouros em Jogos Pan Americanos, (Guadalajara 2011 – por equipes, e três em Lima, no Peru em 2019 – uma por equipe; barra fixa e cavalo com alças). Prata em Toronto 2015. Nos Jogos Sul Americanos, dois ouros (Equipe e cavalo com alças) e dois bronzes, (individual geral e barra fixa); 12 títulos nacionais e quatro vezes campeão brasileiro individual geral. Fora do ginásio Chico também se notabilizou, sendo membro da Comissão de Atletas do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e também da ODESUR (Organização Desportiva Sul-Americana).

10 anos de sucesso no Esporte Clube Pinheiros – Chico chegou de “surpresa” ao Pinheiros. Depois de defender o São Caetano por 11 anos, o atleta se desligou e continuou defendendo a seleção brasileira, porém, precisava de um lugar para treinar. “Em 2014 conversei com o Batata, o Cris e o Blanco e perguntei se poderia treinar aqui no Pinheiros para continuar representando a Seleção. Depois da competição feita pela Seleção, o Blanco me ofereceu uma vaga para fazer parte da equipe, na época não tinha um orçamento programado para minha chegada naquele ano, mas eu só cheguei e disse que queria treinar, que queria ir para as Olimpíadas do Rio de Janeiro e ele aceitou. Foram 10 anos de sucesso”, lembrou.

Legado – Chico quer deixar para as novas gerações de ginastas pinheirenses e brasileiros a persistência como legado. “Eu provei para mim mesmo em muitos momentos que coisas que eu achava impossível, de repente eu estava fazendo, de repente eu estava conquistando, então nada é impossível. Eles tem que ter uma imagem do Chico que foi muito persistente, demonstrou muita garra e amor pela ginástica”, destacou.

Cristiano, Chico e Batata. – Foto: Gabriella Garbim/ECP

Palavra do Presidente – O presidente do Clube, Carlinhos Brazolin, conduziu a homenagem a Chico, agradecendo por toda a história de conquistas e projetou um futuro com muito sucesso. “As árvores crescem e renovam, com novas sementes. Não tenho dúvidas que Goiânia ganha uma semente nossa, que vai crescer e dar frutos. No esporte, ganhar ou perder faz parte do dia da competição. Não tenho dúvida nenhuma que você será referência, estará plantando novas sementes Pinheirenses lá também. Parabéns por toda carreira e sucesso. O Pinheiros é também a sua casa”, comentou o Presidente.

Companheiros de Clube relembram trajetória

Arthur Nory – “Foi uma carreira incrível, poder acompanhar e fazer parte da equipe com ele, tanto no Pinheiros, quanto na Seleção. Conquistamos muitas coisas juntos. Fomos para duas Olimpíadas e essas histórias são marcantes. Ele é um atleta que inspira, que admiro, respeito e que fez e ainda faz muito pela ginástica. Não é um adeus, porque ele vai continuar dentro do Esporte”, destacou o companheiro, que relembrou um bastidor Olímpico. “Voltamos de Tóquio, era época de pandemia e não tínhamos pegado final e voltamos bem tristes. Tivemos um apoio mútuo um com o outro. Não só na derrota, como também na conquista do Mundial, em que ele esteve comigo e esse carinho e admiração vai para o resto da vida. Ele é inspiração para muitas outras gerações”, completou Nory.

“Cadê o Chico ?” – Hilton Dichelli, o Batata, treinador de Chico Barreto, relembrou a primeira viagem do ginasta, recém-chegado ao Clube. Aliás, uma viagem que quase não aconteceu para o novato. “Íamos para a primeira competição do Chico, no Sul do País, um frio danado. Todo mundo foi entrando na van, a van ficou lotada e fomos embora. Quando chegamos no meio da estrada falamos: ‘Meu Deus, cadê o Chico?’. Aí volta todo mundo… Era a primeira competição dele pelo Clube e esquecemos ele no ginásio em São Paulo. E ele estava na paz, na boa. Foi traumático para a gente, engraçado no momento, conseguimos lidar bem com a situação, depois demos muita risada”, contou Batata, e completou. “Depois, toda viagem perguntávamos: “O Chico está aí?” (risos).

Cristiano Albino – Técnico do Pinheiros, Cristiano falou sobre Chico. “Foi um atleta resiliente, em termos de estudos e dedicação, transformou muito o lado profissional, principalmente para mim. Conquistamos juntos, vibramos juntos, choramos juntos. Um exemplo a ser seguido”, destacou Cris.

Próximos passos 

Chico agora seguirá no projeto OLY Centro de Treinamento, em Goiânia-GO, que possui ginástica artística. O ex-atleta é formado em Educação Física e irá desenvolver a modalidade com crianças e adultos – ainda não competitivo em nível nacional. Nessa transição, Chico será gestor e também treinador.

O presidente Carlinhos Brazolin, o diretor adjunto da ginástica, Luciano Deluque, o treinador Hilton Dichelli, o Batata, e o assessor adjunto da diretoria da modalidade, Marcus Vinicius de Carvalho e Silva, conduziram as honrarias, que foi assistida por mais de 25 atletas.

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