Dourados, no sul do Estado, sediou a primeira etapa do Circuito Aprosoja 2016 nesta quinta-feira (19), um projeto que chegou em sua terceira edição com o objetivo de preparar produtores rurais, profissionais da agricultura e demais envolvidos no setor agro com informações e conhecimento para a safra 2016/2017.
Cerca de 90 pessoas participaram do evento, que aconteceu durante a 52ª Expoagro Dourados e foi aberto pelo presidente do Sindicado Rural da cidade, Lúcio Damalia. O representante falou sobre o novo momento político que o Brasil vive, que é de retomada e renovação da esperança do povo brasileiro. Além disso, comemorou resultados da feira agropecuária.
Esperança
“Temos ouvido muito de crise, mas aqui na Expoagro temos tido o prazer de ver grande movimentação nas comercializações e a força do agronegócio da nossa região”, comentou Damalia.
Christiano Bortolotto, presidente da Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul), falou sobre os resultados positivos da safra de soja 2015/16 e sobre o potencial de crescimento das áreas de lavoura no Estado.
“Utilizamos 2,5 milhões de hectares nesta safra e colhemos 7,6 milhões de toneladas. Temos ainda, sim, muita área para expansão, mas para isso precisamos de muito conhecimento, entender mais ainda dessa agricultura que é dinâmica e que não usa a palavra crise, mas cria solução e desenvolve”, afirmou.
Custos de produção
O primeiro palestrante a compartilhar conhecimento nesta etapa do Circuito Aprosoja foi o engenheiro agrônomo Mauro Osaki, mestre em Ciência Econômica Aplicada pela Esalq-USP (Escola Superior da Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo) e doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São Carlos. Durante a palestra, Osaki destacou os desafios do produtor com os custos de produção.
“Em termos de produtividade, somos parecidos com os Estados Unidos. Mas por que perdemos competitividade?”, questionou o pesquisador. Segundo Osaki, a resposta está no fato de o Brasil enfrentar alto custo de produção, ter variação alta de custos e gastos elevados com fungicidas, defensivos e outros insumos.
Além disso, o custeio financeiro do Brasil tem juros muitos altos, cenário que é diferente nos Estados unidos. Tudo isso contribui para que o país norte-americano consiga rentabilidade e produtividade superior à brasileira.
Riscos e desafios
“O Brasil dobrou gastos com defensivos agrícolas desde a safra 2009/10. Somado a isso temos uma margem muito pequena entre os índices de produtividade e os gastos com custo total e operacional da safra, o que é muito arriscado para o bolso do produtor”, analisa Osaki.
Ainda na avaliação do especialista, que é pesquisador do Cepea/Esalq (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a cada ano, desde a safra 2010/11, a rentabilidade brasileira com a soja vem se reprimindo. No entanto, há dois ciclos, o país tem sido salvo pelo câmbio favorável, devido à alta do dólar.
Ampliando as análises de Osaki, o economista e consultor Flávio Roberto de França Júnior, especialista em agribusiness e mercado de commodities há 30 anos, apresentou números e, principalmente, tendências para a safra 2016/17.
Ele destacou a volatilidade político-econômica, e como essa realidade têm afetado os agronegócios. “O Brasil absorve muito as instabilidades do mercado internacional. Mas, atualmente, a verdadeira crise que enfrentamos não é externa, mas totalmente interna. Lá fora o mundo está crescendo, e apenas a Venezuela e o Brasil têm andado para trás”, afirma.
Economia e perspectivas
Segundo França-Júnior, o país tem várias contas para “fechar”, mas muitos números “não batem”. “Nossa situação não começará a ser solucionada enquanto não ajustarmos a conta pública. O país está parado esperando uma decisão política, sobre a presidência. No meio disso tudo temos possibilidade de El Ninã, que preocupa para a próxima safra. Vamos colher resultados positivos agora, mas não deixam de ser frustrantes devido aos efeitos que o El Niño causou na safra 2015/16″, amplia o especialista.
Apesar dos fatores preocupantes e as margens mais ajustadas neste ano, os ganhos ainda são positivos em sua maioria. Ou seja, para ele, o Brasil tem muitos pontos a seu favor, como condições favoráveis para vendas antecipadas, prêmios compensatórios e taxa de câmbio favorável à exportação.
“Resta ao produtor conseguir travar preços de venda, buscar valores atrativos para a aquisição de insumos e aumentar a sua participação no mercado. Vivemos um momento de retomada da nossa economia”, finalizou.
Ainda participaram do evento os presidentes Luiz Otávio Britto Fernandes, do Sindicado Rural de Rio Brilhante e Otávio Vieira de Mello, do Sindicato Rural de Itaporã, além dos diretores da Aprosoja/MS, Thaís Carbonaro Faleiros e Luís Carlos Seibt.
Devido a condições climáticas, o voo do engenheiro agrônomo Luiz Antonio Digiovani sofreu alterações e não houve tempo hábil para que ele participasse do evento. No Circuito, o gerente de mercado de agronegócio na Superintendência do Banco do Brasil no Paraná falaria sobre seguros rurais agrícolas.
Fonte: Assessoria de Imprensa - Aprosoja/MS