A Fórmula E estreou em 2014 com uma corrida em Pequim, na China. Na época, a competição se equilibrava em um orçamento insuficiente e estava longe de conquistar o status de campeonato mundial. Sendo um torneio com raízes e as principais bases fincadas em território europeu, o fato de ter escolhido iniciar sua trajetória em um país longínquo já sinalizava, naquela época, o caráter ambicioso do projeto. Sete anos mais tarde, tudo mudou e o agora Campeonato Mundial se prepara para desbravar uma nova fronteira com a realização no próximo final de semana da 5ª e a 6ª etapas de 2021 no circuito de Valência, na Espanha.
O histórico da Fórmula E passa a registrar 18 países e, ao correr em território espanhol, a categoria estampa em seu passaporte o carimbo de uma das nações mais apaixonadas pelo esporte a motor em todo o mundo – incluindo aí o motociclismo, como mostram os muitos feitos e heróis da Espanha na MotoGP e no Mundial de Superbike, por exemplo. Além dos campeões mundiais Fernando Alonso e Carlos Sainz, respectivamente na Fórmula 1 e nos ralis.
“Uma coisa é certa: teremos muito apoio do público local, pois os espanhóis são apaixonados por corrida. Pena que estamos em plena pandemia, mas certamente teremos muitas manifestações de torcedores e fãs, especialmente nas redes sociais e com certeza na audiência das transmissões”, diz o brasileiro Lucas Di Grassi, que defende a equipe Audi Sport SBT Schaeffler.
Novo traçado – “Embora a categoria venha correr pela primeira vez aqui, a Fórmula E já realiza testes em Valência desde 2018. A principal diferença é que usaremos um traçado modificado, para adicionar um pouco mais de desafio para todos. Haverá uma chicane estreita no começo da reta principal e uma combinação adicional de curvas na saída da reta oposta – e tudo isso vai garantir mais emoção nas corridas”, conta o brasileiro, campeão da categoria em 2017, referindo-se ao traçado de 3,37km a ser usado em Valência.
Di Grassi vem de um final de semana repleto de emoções conflitantes em Roma, Itália, onde a categoria realizou a terceira e quarta etapas no final de semana anterior. Líder e com um carro competitivo na primeira corrida, Lucas viu a vitória escapar faltando somente cinco voltas, devido a uma falha no sistema de transmissão. Na prova complementar, Lucas largou em 13º e tinha o pódio como possibilidade real. O brasileiro já era o oitavo na oitava volta mas levou uma batida por trás e foi jogado contra o muro.
Montanha russa – “Foi um final de semana meio no estilo montanha russa, com as emoções indo de cima a baixo em cada corrida. Mas ficou o otimismo com o carro, que, apesar da quebra, provou ser competitivo”, diz ele. “Ainda há muita coisa pra acontecer no campeonato, nenhum piloto disparou na classificação. Então está tudo em aberto ainda. Aqui, tudo é possível”, finaliza Di Grassi. A liderança do campeonato é do inglês Sam Bird (Jaguar), com 43 pontos.