Máquina do tempo, viagem a períodos históricos e até ao futuro, muito humor e um final reflexivo. Essa mistura está presente na peça “Mulheres Sapiens Erectus”, que teve sua estreia na sexta-feira (1º) e seguiu em cartaz no sábado (2), no Teatro Prosa do Sesc Horto. As duas sessões quase lotaram o teatro, que teve poucas cadeiras vazias.
A peça conta a história das cientistas Doutora X (Kely Zerial) e Doutora Y (Thathy Dmeo). Elas constroem uma máquina do tempo, grande feito nunca alcançado pela humanidade, para viajar ao passado com o intuito de descobrir quando a mulher foi respeitada na história. Após comprovarem que isso não aconteceu, as duas vão até o futuro para ver se finalmente por lá há direitos iguais entre as mulheres e homens.
Além das duas, ainda há em cena o Doutor H Maiúsculo, representado por um manequim, alusão aos homens presentes na humanidade que não tem voz de ação ou não escutam quem quer que seja.
Durante as viagens temporais elas vão parar na pré-história, França do século 18 e o festival de Woodstock na década de 1960, revivendo acontecimentos que marcaram esses períodos.
Mesmo tratando de um tema sério, as duas conduzem momentos de muito humor durante todo o espetáculo, arrancando gargalhadas de todos que estavam ali. Para a professora de história Myla Machado não há problema em tratar deste assunto por meio da comédia. “Achei a peça excelente, falar sobre feminismo com humor é válido, desde que não diminua o tema. Através do riso, as duas passaram informações muito sérias”, defende.
Já a publicitária Rafaela Sátiro, que estava com o filho de 5 anos, acredita que o assunto tem que estar em alta principalmente para as crianças, que aprendem desde cedo que todos devemos ter direitos e deveres iguais. “Trouxe meu filho porque acho que ele tem que estar em contato com este assunt, para ele entender que tem privilégios por ter nascido homem e que deve tratar as mulheres como igual”, pontua.
E não foi só as mulheres que gostaram do espetáculo. De acordo com o acadêmico do curso de Artes Visuais da UFMS, Ton Salles, a peça é interessante por ser bem-humorada, fazendo com que o texto dialogue tanto com adultos quanto com adolescentes. “Eu gosto muito de humor, acho que é uma linguagem que atrai público de todas as faixas etárias. A peça é muito engraçada, com certeza vai chamar atenção de todo mundo que assistir”, avalia.
No fim do espetáculo as duas cientistas vão até o futuro e constatam que a humanidade não existe mais. As duas terminam sérias, dizendo que as pessoas devem parar de brigar, entender que todos somos iguais e nos preocupar com o que estamos fazendo com o mundo, para que ele não se destrua.
Após terminarem elas convidam, junto ao diretor Breno Moroni, a todos os presentes a participarem de um debate. Algumas pessoas ficam e descobrem um pouco mais sobre como a peça foi montada, como o diretor e as atrizes chegaram ao texto final e falam o que acharam. “Foi muito rico tanto a peça quanto a conversa, pudemos saber como surgiu a ideia, como foi o processo da montagem e falar o que sentimos também. Foi uma boa reflexão”, garantiu Rafaela.
A próxima apresentação confirmada de “Mulheres Sapiens Erectus” é durante a Pantalhaços que ocorre em julho na Capital.