Como funciona a emissão de debêntures

Entenda o processo de emissão de debêntures, suas garantias, classificações e formas de remuneração, essencial para investidores que buscam diversificar sua carteira com títulos de dívida

As debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas de capital aberto ou fechado, desde que sejam constituídas sob a forma de sociedade anônima (S.A.), permitindo a captação de recursos diretamente do mercado. Isso faz com que a debênture seja um dos títulos mais tradicionais do mercado, pois as empresas a utilizam como uma forma mais vantajosa de financiamento, oferecendo maior flexibilidade e menores custos.

Essa modalidade oferece aos investidores uma remuneração específica, sendo uma escolha estratégica para diversificar a carteira, com liquidez de médio a longo prazo. Compreender como as debêntures funcionam é fundamental para quem busca investir em títulos de dívida.

Como funciona a emissão de debêntures

Crédito: Freepik

Vale ressaltar que este conteúdo não é uma recomendação de investimento.

Passo a passo para emissão de debêntures

A emissão de debêntures segue um processo estruturado, garantindo conformidade legal e transparência aos investidores. Esse processo é regido pela Lei das S.A.

  1. Autorização interna: a empresa deve obter a aprovação do Conselho de Administração (em companhias abertas) ou convocar uma Assembleia Geral de Acionistas para definir o montante, as garantias, os prazos, as condições de amortização e outras características dos títulos.
  2. Contratação de instituições parceiras: a empresa escolhe uma instituição financeira como coordenador-líder, que será responsável por estruturar e distribuir as debêntures. É necessário nomear um agente fiduciário, que protegerá os interesses dos investidores.
  3. Elaboração da escritura de emissão: documento que detalha as condições da emissão, incluindo os direitos dos debenturistas, a quantidade de títulos, os valores, as datas e as formas de remuneração.
  4. Registro e aprovações: para emissões públicas, é necessário registrar a oferta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A escritura de emissão também precisa ser registrada em cartório, garantindo a legalidade e transparência da emissão.
  5. Distribuição das debêntures: após as aprovações, o coordenador-líder distribui as debêntures ao público, por meio de ofertas públicas ou privadas.
  6. Pós-emissão: após a colocação dos títulos, a empresa deve cumprir as obrigações, como o pagamento de juros e amortizações. O agente fiduciário acompanha e garante o cumprimento dos termos.

Garantias nas emissões das debêntures

As debêntures podem ser garantidas de várias formas, oferecendo segurança adicional aos investidores. As principais modalidades de garantia incluem:

  • Garantia real: bens ou direitos da empresa são vinculados como lastro da dívida. Em caso de inadimplência, os debenturistas têm direito a esses ativos. O valor da dívida não pode ultrapassar 80% do valor da garantia.
  • Garantia flutuante: a empresa utiliza ativos como proteção para os credores, sem precisar especificar quais bens estão envolvidos. O valor do título não pode ultrapassar 70% da garantia flutuante.
  • Garantia quirografária: não há bens reais para lastrear a dívida. Em caso de falência, os investidores são tratados como credores comuns, o que aumenta o risco e exige maior rentabilidade.
  • Garantia subordinada: essa garantia é de maior risco, pois os debenturistas só recebem após a quitação das dívidas prioritárias da empresa.

Classificação das debêntures

As debêntures podem ser classificadas de acordo com sua forma de remuneração e características. As principais modalidades incluem:

  • Conversível: o investidor pode trocar o título por ações da empresa emissora ao final do período. Isso pode alterar a rentabilidade de fixa para variável.
  • Simples: a modalidade mais comum. Não permite conversão em ações, oferecendo apenas o pagamento de rendimentos contratados. A remuneração pode ser prefixada, pós-fixada (atrelada ao CDI, Selic ou IPCA) ou híbrida. 
  • Permutável: semelhante à conversível, mas o investidor pode trocar a debênture por ações de uma empresa diferente.
  • Incentivada: criada pelo governo para fomentar setores estratégicos como infraestrutura e saneamento. Isentas de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que torna a opção atraente para otimizar a rentabilidade.

Remuneração

As debêntures oferecem diferentes formas de remuneração, que impactam os ganhos do investidor.

  • Prefixada: a taxa de rentabilidade é definida no momento da emissão. Essa modalidade é uma boa opção para quem busca segurança no longo prazo, pois garante a taxa acordada apenas se o título for mantido até o vencimento. 
  • Pós-fixada: a rentabilidade é ajustada conforme um índice de mercado, como CDI, Selic ou IPCA. Atrai investidores moderados a arrojados, dispostos a aceitar variações para potencializar os ganhos.
  • Híbrida: combina uma parte fixa com uma parte variável, geralmente atrelada a um índice de inflação, visando proteger o capital do investidor contra a perda do poder de compra.

Tributação

As debêntures incentivadas são isentas de impostos. As demais debêntures estão sujeitas à tabela regressiva de Imposto de Renda, com as seguintes alíquotas:

  • 22,5% para prazos de até 180 dias
  • 20% para prazos de 181 a 360 dias
  • 17,5% para prazos de 361 a 720 dias
  • 15% para prazos superiores a 720 dias

Vencimento, amortização e resgates

O vencimento das debêntures, as condições de amortização e a possibilidade de resgates antecipados devem ser especificados na escritura de emissão e no certificado do título. Isso assegura clareza nas condições de pagamento e nos resgates.

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