Coronavírus: estudo francês reforça que obesos precisam mais de ventilação mecânica que pessoas dentro do peso saudável

Médico Cid Pitombo, coordenador do Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica do Rio de Janeiro, acredita que o comportamento do coronavírus entre os brasileiros será similar.

Pesquisadores franceses do Instituto Lille Pasteur examinaram 124 pessoas internadas com coronavírus e descobriram que 47,6% eram obesas e 28,2% tinham obesidade mórbida, quando o Índice de Massa Corporal é superior a 35. Foram analisados pacientes entre 27 de fevereiro a 5 de abril de 2020 e a proporção de obesos que precisaram de ventilação mecânica era maior em comparação aos não-obesos: 85,7% foram entubados.

Especialista Cid Pitombo chama atenção para a necessidade de adoção de protocolos especiais para tratamento do obeso com coronavírus – Foto: Divulgação

O médico brasileiro Cid Pitombo é editor-chefe da publicação norte-americana ‘Obesity Surgery’ e coordenador do Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica do Rio de Janeiro; ele vinha alertando as autoridades brasileiras desde fevereiro para o alto fator de risco que a obesidade apresenta para agravamento de casos de coronavírus. O especialista acredita que o comportamento do vírus no obeso brasileiro deve ser similar ao constatado na França.

O obeso é um inflamado crônico. Minha tesa de doutorado na Unicamp foi justamente sobre os efeitos dos agentes inflamatórios produzidos pela gordura, principalmente pela gordura visceral, sobre a resistência insulínica e produção do diabetes, também sobre as doenças coronarianas e o fígado. Por isso, vírus de alto impacto no organismo são mais graves entre os obesos por conta dessa condição da doença“, destaca o médico pesquisador Cid Pitombo.

O Ministério da Saúde já admitiu que a obesidade é o principal fator para agravamento de casos de coronavírus entre pessoas abaixo de 60 anos.

Cid Pitombo afirma que os médicos têm procurado incansavelmente entender melhor o COVID-19 e os motivos que levam o vírus a se manifestar mais severamente em alguns pacientes do que em outros. A idade já foi constatada como um dos fatores mais importantes para decidir o risco de mortalidade em pacientes, mas agora a obesidade também foi identificada. “Esses estudos que estão chegando da França e dos Estados Unidos ajudam no planejamento hospitalar para o enfrentamento da COVID-19 no Brasil. As unidades de saúde precisam passar a observar melhor o obeso e obeso mórbido que apresentam sintomas, porque a chance de ele agravar, internar e precisar ser entubado é maior.

Importante destacar, no entanto, que esse risco aumentado é para obesos não operados. “Aqueles que já passaram pela cirurgia bariátrica e estão no peso da meta não pertencem a este grupo de risco. Esses pacientes na sua maioria já resolveram as doenças associadas como diabetes e hipertensão, por conta da cirurgia, e tem risco igual ao da população saudável”, afirma o médico Cid Pitombo.

Evitar a transmissão do novo coronavírus exige cuidados simples no dia a dia, especialmente a forma correta de lavar as mãos e maneiras de espirrar e tossir. A higienização das mãos e de superfícies são fundamentais. “Obesidade tem relação direta com imunossupressão, ou seja, menor poder de reagirmos a doenças. Obesos, além disso, tem menor resposta a vacinas de gripe, hepatite e tétano, por exemplo”, alerta Cid Pitombo.

Apoio virtual – Pensando em se manter conectado com os pacientes obesos em tratamento, o dr Cid Pitombo e sua equipe multidisciplinar de psicólogos, nutricionistas e clínicos montou grupos de whatsapp e estão postando vídeos nas redes sociais para orientar e confortar. E tem dado resultado. Juntos os vídeos já tiveram mais de 100 mil visualizações em apenas uma semana.

Perfil do especialista – Cid Pitombo é médico cirurgião, recordista em cirurgias bariátricas por videolaparoscopia no SUS. Já foram mais de 3.200 pessoas que

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