Curitiba (PR) – Com a previsão de um aumento de 2 bilhões de pessoas na população global nos próximos 50 anos, o agronegócio enfrenta o desafio de atender à crescente demanda por alimentos sem comprometer o meio ambiente. Neste cenário, a produção sustentável próxima aos centros urbanos se apresenta como uma alternativa estratégica para evitar a degradação planetária.
“A agricultura familiar, os pequenos produtores e as cooperativas serão fundamentais para garantir a segurança alimentar. Ao mesmo tempo, os grandes produtores e a produção extensiva de soja, milho e proteína animal também devem desempenhar um papel importante para atender a essa demanda crescente de maneira sustentável“, afirma Gustavo Loiola, especialista em sustentabilidade e ESG.
Tecnologias inovadoras, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), e práticas sustentáveis, como reuso de água, agricultura regenerativa e agricultura de precisão, são algumas das mudanças em andamento no setor. No entanto, a transição para práticas mais sustentáveis exige investimento, recursos e um comprometimento coletivo para garantir que o agronegócio continue a prosperar de maneira responsável. “O acesso a recursos financeiros, como os oferecidos pelo Plano Safra e Plano ABC, facilita a vida dos produtores que possuem o Cadastro Ambiental Rural (CAR) em dia e adotam práticas para minimizar seus impactos ambientais e emissões de gases de efeito estufa”, aponta.
Além dos desafios financeiros, há também pressões regulatórias. De acordo com Loiola, o setor precisa se adaptar urgentemente às pressões ambientais internacionais. “A União Europeia está apertando o cerco com exigências de sustentabilidade que afetam o agronegócio brasileiro. A lei aprovada pelo Parlamento Europeu em 19 de abril proíbe a importação de produtos provenientes de áreas com desmatamento identificado até dezembro de 2020. Essa regulamentação impacta produtos como madeira, soja, carne bovina, cacau, café, óleo de palma e borracha”, explica.
A dimensão social também é impactada nesse processo, com cuidados com os funcionários nas propriedades e fábricas, evitando práticas de trabalho infantil ou análogo à escravidão. “Estamos em uma fase crítica de transição para práticas mais sustentáveis, mas precisamos de incentivos e apoio para que essa mudança seja justa e acessível a todos os produtores”, complementa o especialista.