Estimular a leitura pelas crianças, através de encontros semanais virtuais, é o novo formato do programa de voluntariado Myra, iniciativa criada há cinco anos pela Fundação SM e que conta com o apoio técnico da Comunidade Educativa CEDAC. O programa, que antes acontecia presencialmente nas escolas públicas de São Paulo, participantes do projeto precisou se adaptar paro o modelo remoto, por conta da pandemia.
Para isso, foi feita uma pesquisa de acessibilidade entre crianças participantes do projeto e voluntários. Atualmente, três escolas paulistanas participam do programa: EMEF Cacilda Becker, na zona sul; EMEF Desembargador Amorim Lima e Escola Estadual Alfredo Paulino, ambas na zona oeste da cidade. O Myra conta ainda com pontos que funcionam como parceiros, como ONGs da Grande São Paulo, entre elas a Trapézio e a ARTESIM e ainda a EMEF Rodrigues Alves e o CCA Liga Solidária.
Entre os participantes voluntários do projeto, estão profissionais das áreas de educação, cultura, artes, comércio, letras, além de aposentados. O critério do Myra para a formação das duplas de voluntários e crianças são relação com a leitura e o desejo de compartilhá-lha uma vez por semana. Funciona da seguinte forma: por um link, o voluntário entra em contato com o estudante, que é previamente monitorado pela equipe de apoio do projeto, faz a sessão de casa e participa do bate-papo por cerca de 45 minutos, sempre com anuência da família e indicação prévia da escola.
A seleção de crianças e voluntários é feita pela coordenação pedagógica do programa, em parceria com as escolas e ONGs participantes. O Myra é voltado para estudantes do 4º ao 6º ano do ensino fundamental. Para participar, é preciso saber ler, ter disponibilidade e vontade de compartilhar a leitura, seja tendo como suporte um jornal, revista, livro ou até mesmo as instruções de um jogo. Não precisa ser necessariamente leitura literária, desde que se estabeleça um vínculo de respeito e confiança com a criança, possibilitando a continuidade do trabalho com vistas ao aperfeiçoamento das competências leitoras das crianças participantes do programa.
“Diversidade de gêneros, poemas, contos, fábulas, reportagens, regras de jogo. O que determina a leitura a ser realizada na sessão é principalmente o gosto do voluntário e da criança, ou seja, o que mais desafiar a ambos. Semanalmente, o voluntário preenche um formulário para mapear o que foi lido e apreciado. E, com isso, o Myra vai fazendo também a formação desse voluntário, ampliando suas referências leitoras. Tudo sempre pautado por uma matriz de avaliação de leitura, onde são registrados os descritores, prevendo o desenvolvimento de algumas competências e habilidades leitoras”, diz Cristiane Tavares, coordenadora pedagógica do projeto.
Em sua fase remota, o Myra conta, atualmente, com 30 duplas. O desafio é o uso maior da leitura digital. Com a pandemia e o fechamento dos espaços de leitura compartilhados, entram computadores, tablets, celulares e outros recursos tecnológicos digitais, além dos livros emprestados das bibliotecas e salas de leitura temporariamente fechadas. Para garantir a sintonia entre os voluntários e estudantes durante a leitura remota, o programa preparou kits de livros para que voluntários e crianças tivessem material em comum. “Com as restrições impostas pelo isolamento, não tínhamos como garantir que voluntário e criança tivessem o mesmo título em suas casas, então entregamos para cada dupla um conjunto com as mesmas obras para os primeiros encontros remotos”, explica Cristiane.
Além disso, o programa disponibiliza encontros formativos ao longo do ano e um plantão quinzenal para os voluntários tirarem dúvidas com a coordenação pedagógica. O acompanhamento das sessões pela equipe Myra mantêm o vínculo e interação potencializados neste momento de isolamento social.
“O Projeto Myra é muito bem planejado, e a equipe, comprometida. Dessa forma, toda a estrutura para o novo formato deu muito certo. Todos os voluntários encontram-se preparados, e as famílias, muito bem informadas. As crianças estão adorando, aguardam ansiosas pelos dias e horários das sessões”, destaca Margareth Alves Leite de Siqueira Bittencourt, professora especialista em Língua Inglesa, Práticas Experimentais, Orientação de Estudos e Assembleia, responsável pelo acompanhamento do projeto na Escola Estadual Alfredo Paulino.
“O Myra é um programa com um impacto tremendo, tanto na vida das crianças, quanto na dos voluntários. A pandemia exigiu que fizéssemos alguns ajustes para viabilizar os encontros de maneira virtual e estamos muito contentes que conseguimos nos adaptar rapidamente ao novo cenário garantindo, assim, que as sessões de leitura não fossem prejudicadas”, afirma Pilar Lacerda, diretora da Fundação SM.