A pandemia pela Covid-19 tem causado inúmeras mudanças na convivência das famílias, tanto no quesito das novas práticas de higiene, quanto a relação entre os moradores da casa por causa do isolamento social. Os pais, muitos trabalhando remotamente, estão tentando dar conta das atividades do emprego, cuidar da casa e ainda dar atenção às crianças, que estão com as aulas suspensas. Neste cenário, os pequenos acabam passando mais tempo na internet e isso acende um novo alerta: a segurança deles no universo digital.
A discussão sobre o tema é vasta, já que uma pesquisa realizada pelo Google revelou que 40% dos responsáveis dizem temer o contato com estranhos no ambiente online. Para garantir proteção, alguns cuidados simples podem evitar muitos riscos, como a utilização de regras e filtros do que é disponibilizado em sites e aplicativos ou através de plataformas exclusivas, que selecionam, a partir de uma curadoria humana, os conteúdos disponíveis.
É importante que a família acompanhe o acesso aos conteúdos na internet, mas é comum vermos casos de crianças soltas na imensidão digital. De acordo com um estudo realizado pela Kaspersky, 52% dos pais não veem necessidade em regular a atividade online de seus filhos. Neste aspecto, temos ainda uma linha tênue entre controle parental e a liberdade e privacidade das crianças e dos adolescentes. No entanto, o aumento preocupante de casos de pedofilia, extorsão, cyberbullyng, acesso à vídeos impróprios e até alguns tipos de jogos são motivos mais do que legítimos para resguardar os pequenos de ter acesso total à rede.
Em muitos casos, os adultos enxergam a internet apenas como uma fonte de entretenimento e acabam não se atentando aos riscos iminentes que o ambiente digital apresenta. Para isso, inserir a educação digital na rotina dos filhos, desde cedo, preocupar-se com a própria educação digital e manter uma conversa aberta sobre o tema dentro de casa é fundamental.
Bloquear o acesso pode ter o efeito contrário, pode ser um erro que aumente ainda mais o risco. A geração de hoje já nasce inserida no universo digital e a proibição é prejudicial em vários aspectos. A última pesquisa TIC Kids Online Brasil, mostrou um número impressionante: 24,3 milhões de crianças e adolescentes acessam a internet com certa regularidade no País.
Escutamos sempre que o tempo que a criança usa aparelhos digitais, o chamado tempo de tela, é o grande problema. Quando, na realidade, o foco deveria ser no conteúdo que essa criança acessa através da tela. O ponto chave é partir de uma conversa com orientações francas e objetivas com os filhos, de acordo com a idade. Assim, as crianças terão mais capacidade e autonomia para discernir o que é saudável assistir. Quando os pequenos sentem que estão em um ambiente acolhedor e seguro, fica mais fácil que eles mesmos criem discernimento e sintam confiança de contar para a família quando algo impróprio é apresentado.
*Nathalia Pontes é especialista em Pesquisa & Desenvolvimento Educacional na PlayKids, uma das líderes globais em conteúdos para famílias. Mestranda em Psicologia da Educação pela PUC-SP, especialista em Gestão de Negócios e Inteligência de Mercado pela FIA/USP, psicopedagoga e escritora, acredita que aprender é uma combinação entre autoconhecimento, troca e curiosidade pelo novo.