Os jogos olímpicos de Tóquio estão chamando a atenção de todos para a questão emocional dos atletas. Situação como essa vivida pela ginasta Simone Biles reforçou o quanto a preparação mental é essencial para o sucesso do esportista. A importância deste tema em debate é tão relevante que, por exemplo, nem o tenista número um do mundo conseguiu ficar imune à tanta pressão.
O sérvio Novak Djokovic viveu nas olimpíadas um momento desagradável e inusitado em sua vitoriosa carreira. Ele, que tinha grandes chances de subir ao pódio, foi eliminado nas disputas individuais. A derrota levou o número um do ranking mundial a um acesso de fúria, destruindo a raquete no saibro. Além disso, o atleta desistiu das duplas mistas, onde mantinha dupla com Nina Stojanovic. Porém, o descontrole emocional dele não é assunto novo, tanto que algumas raquetes já foram quebradas em sua carreira. O episódio mais recente foi pouco antes das disputas olímpicas, em Belgrado, neste ano.
Segundo o treinador mental de atletas de alta performance, Lincoln Nunes, “o que acontece com Djokovic é uma soma de cargas. Pode colocar nessa ‘matemática’ a frustração e a falta de inteligência emocional. Porém, é complicado julgar sem realmente saber quais são os sabotadores daquele atleta. Ele observa que “esses destemperos são ruins para imagem, porque ele inspira colegas do esporte e crianças a todo momento dentro de quadra. Imagine se todos os atletas agissem assim com as frustrações? O esporte é recheado de vitórias, mas principalmente de aprendizados”.
Sobre as repetidas faltas de controle do sérvio o treinador mental ressalta: “É crucial que o atleta trabalhe a inteligência emocional, o equilíbrio mente e corpo, entender o que se pode fazer pra evitar esse tipo de frustração quando o jogo não sai do jeito que gostaria é fundamental. Por isso, o treinador mental é um fator essencial em uma equipe. Nossa função é antecipar essas possíveis perdas de foco e comportamentos inadequados para que o esportista se preocupe no que realmente importa: a sua performance”.
No entanto, Lincoln pondera que isso não quer dizer que quem trabalha o mental não se frustra. “Na verdade, o atleta aprende a usar a frustração ao seu favor, como combustível para o realce do seu desempenho e não em descontrole o que, na maioria das vezes, gera reações desproporcionais como a dele”, completa o treinador mental.
Fonte: MF Press Global