O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (8) que a Cúpula da Amazônia, realizada em Belém (PA), representa um “novo sonho” para a região e o mundo.
Em discurso na reunião, o mandatário afirmou que a Floresta Amazônica conviveu durante muito tempo com a “imposição de sonhos alheios”, mas ressaltou que hoje é o dia em que ela “fala para o mundo”.
“A partir desta cúpula, nasce um novo sonho amazônico para a região e o mundo”, disse Lula, acrescentando que, “por quase 500 anos, o preconceito e o extrativismo predatório alimentaram a violência contra os povos indígenas e estimularam a pilhagem dos recursos naturais”.
Além de elencar ações ambientais de seu governo, o presidente criticou a gestão do ex-mandatário Jair Bolsonaro, porém sem nomeá-lo diretamente.
“A crise política que se abateu sobre o Brasil levou ao poder um governo negacionista, com consequências nefastas. Meu antecessor abriu as portas para os ilícitos ambientais e o crime organizado.
Os índices de desmatamento voltaram a crescer. Nos tornamos um pária entre as nações e nos afastamos de nossa própria região”, atacou.
Segundo Lula, o Brasil quer “retomar a cooperação entre os países e superar desconfianças” por meio de uma “mudança de compreensão” sobre a Amazônia. “O sonho amazônico tem que estar enraizado na ciência e nos saberes produzidos aqui”, afirmou.
O presidente destacou que o Brasil terá “papel central” na transição energética do planeta, liderando a produção em energia solar, biomassa, etanol e hidrogênio verde.
“A floresta não é um vazio a ser ocupado nem um tesouro a ser saqueado. É um canteiro de possibilidades que precisa ser cultivado. Sem ela, a América do Sul que conhecemos não existiria. Dela depende o regime de chuvas que sustenta a vida e mantém a maior parte de nossas atividades econômicas”, declarou.
Lula também pregou o fortalecimento da Organização do Tratado da Cooperação Amazônica (Otca), que reúne Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, com a criação de uma instância permanente de chefes de Estado e a revitalização do Parlamento da Amazônia.
“Esse fortalecimento institucional será fundamentado na ciência. Estamos criando o Painel Técnico-Científico Intergovernamental, que vai juntar cientistas e especialistas da Amazônia para fundamentar nossas decisões, em colaboração com outros painéis científicos internacionais”, disse.