Vejo um clarão na noite
Iluminando a rua
Ela é a deusa que passa
Que deixa sem brilho a lua
Forte o meu pensamento
Imagina tanta loucura
Com essa deusa menina
O amor tem que ser com fúria
Para muitos pesquisadores e críticos musicais aos quais me incluo, a música sertaneja é centenária, mas certamente veio sofrendo diversas modificações, entretanto ela nos faz entender porque o que é verdadeiro o tempo não apaga. E entendemos também porque o que é verdadeiro o tempo eterniza, tal qual a letra de “DEUSA MENINA” uma composição em conjunto com Marco Aurélio, pedida em todos os shows. Todavia é pacífico que o pioneiro do gênero foi o jornalista e escritor Cornélio Pires. Ele podia ser considerado um grande mecenas pois levava para os grandes centros os costumes dos “caipiras” através de encenações teatrais e cantores de época. Por volta de 1912, ele lançou o livro “Musa Caipira” recheado de versos típicos.
Já nos anos 20 foi realizada uma semana para divulgação da arte brasileira sendo montado pela primeira vez apresentações com instrumentos tais que a viola caipira e demonstrado os ritmos da moda de viola, do Lundu e Cururu valorizando o trabalho de Cornélio Pires. Entretanto os primórdios registrados contam de 1924 (A turma caipira de Cornélio Pires) aonde participavam Caçula e Sorocabinha. Mesmo assim o primeiro registro fonográfico do sertanejo aconteceu em 1929 quando Cornélio, decidiu tirar do próprio bolso o dinheiro para a gravação e edição do primeiro álbum, que em poucos dias de lançamento esgotou-se nas lojas brasileiras. E certamente está dificuldade não é mérito apenas da música sertaneja. Na verdade, como tantas coisas na vida, sabemos que tudo tem seu preço.
E este espírito inovador e intemerato que o cantor Paulo Sérgio, músico há 24 anos, paulista de presidente Prudente, que veio morar em Campo Grande em tenra idade, agora alça voo em carreira solo, e certamente depositou a energia intrépida de Cornélio na bagagem, e colocou o pé na estrada!
Nesse novo projeto escolheu um repertório, com um novo senso de poesia. Cantando o sentimento que deu origem: a manifestação de amor, carinho e a temida saudade, sem esquecer seu real significado e valor que permanecem nas letras e melodias, que contam da simplicidade da vida no campo e as atuais com recheio de “bachata”. Por isto, Paulo Sérgio, não dispensa uma cantoria perto de um braseiro e enquanto a carne com tempero pantaneiro se bronzeia na brasa viva, faz ecoar em sua voz, o amor que arde nas chamas da paixão.
*Crítico Musical e Articulista, autor de 1293 artigos publicados.