Gerenciar um patrimônio por décadas e investir nele, pensando em seu crescimento, é um grande desafio. Mas, para o engenheiro agrônomo Murilo Damé, especialista em Gestão de Operações Societárias e Planejamento Tributário, a sucessão familiar na empresa rural é uma missão ainda maior na construção de empreendimentos sólidos e duradouros.
Esse assunto foi um dos temas abordados na noite de quarta-feira (31), em Dourados, durante a 11ª etapa do Circuito Aprosoja 2016. O evento, realizado no Sindicato Rural do município, reuniu produtores rurais, empresários, profissionais do agronegócio e estudantes.
40 anos de história
O produtor rural Ademir Bohm, de 61 anos, acompanhou a programação e se mostrou muito satisfeito com o conteúdo, dedicando atenção especial ao tema sucessão familiar. Isso porque ele vive um momento de transição em seu negócio, que há 40 anos é comandado por sua família.
“Nossa propriedade começou pelas mãos do meu pai, há 40 anos, e aos poucos eu e dois irmãos assumimos os negócios. Hoje temos três famílias totalmente envolvidas na fazenda. Plantamos cerca de 11 mil hectares no sul do Estado e nossos filhos e genros, que trabalham conosco, já se preparam para assumir o comando”, detalha Bohm.
Satisfação
Feliz com a sintonia e união do grupo familiar, que trabalha com integração lavoura-pecuária, Bohm comemora a implantação da sucessão, e reconhece a importância desse planejamento para que as próximas gerações tenham condições, não só de usufruir do negócio, mas também de tirar seu sustendo dele.
“Hoje, tenho certeza de que essa geração que está assumindo o grupo é altamente capacitada para isso e sei que eles irão comandar os negócios de uma maneira muito melhor que a minha”, compartilha, orgulhoso.
De olho no mercado
Além de destacar a importância do processo sucessório, o produtor também chamou a atenção para as análises de mercado e comercialização de grãos que foram feitas no evento, sob o ponto de vista do também engenheiro agrônomo Fernando Muraro, pós-graduado em Economia Agrícola pela Universidade de Pádua, na Itália, e especialista em Análise Técnica de Mercado de Commodities, nos Estados Unidos.
Na ocasião, Muraro detalhou os desafios econômicos para a próxima safra, explicou quais períodos de 2017 poderão apresentar mais vantagens para comercialização de soja e milho e, ainda, alertou para as instabilidades políticas que poderão afetar o mercado.
Alertas para 2017
“As eleições nos Estados Unidos estão se aproximando e, com certeza, o mercado reagirá a esse cenário. Além disso, as incertezas climáticas, com possibilidade de ocorrência de La Niña ou El Niño, exigem de nós muita atenção na hora de plantar. Mais do que nunca, precisamos planejar muito bem nossos passos para que essas instabilidades não abocanhem nossa produção”, aconselhou.
O evento também contou com a presença do presidente do Sindicato Rural de Dourados, Lúcio Damalia, e do presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), Christiano Bortolotto.