Segundo o MS – Ministério da Saúde, o ano de 2023 teve alta de 15,8% nos casos de dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. E 2024 começou com possibilidade de epidemia da doença em ao menos três regiões do País: Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Segundo a ABIPLA – Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional, além da eliminação de criadouros, a população deve ficar atenta à limpeza de ambientes e superfícies.
“Há pesquisas que atestam que os ovos do mosquito podem sobreviver por longos períodos, mesmo em objetos secos, por isso, é necessário que, além de eliminar a água parada, as pessoas realizem a limpeza mecânica e química, com escovas, detergentes, sabões e desinfetantes, em locais de maior possibilidade de acúmulo de água, como pratos e vasos de plantas, latões de lixo e calhas”, explica o diretor-executivo da ABIPLA, Paulo Engler, lembrando que a limpeza deve ser realizada após o descarte da água parada.
De acordo com o MS, os ovos do Aedes aegypti medem cerca de 0,5mm, o que pode dificultar a visualização. Além disso, eles possuem resistência à seca e podem se manter viáveis no ambiente por cerca de um ano, até entrarem novamente em contato com a água. Vale lembrar que, segundo o próprio Ministério, por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, o Brasil bateu recorde de mortes por dengue em 2023, com 1.079 óbitos pela doença. “E temos que lembrar que o Aedes aegypti também transmite outras enfermidades graves, como chikungunya, zika e febre amarela”, diz Engler.
Ainda conforme o MS, os casos de dengue somaram 1,6 milhão de ocorrências em 2023. Além disso, foram 145,3 mil casos de chikungunya em 2023, com 100 mortes. Os dados da zika, publicados apenas até abril do ano passado, superaram 7 mil contaminações.
Nos casos em que não é possível eliminar a água parada, como caixas de descarga, ralos e vasos sanitários, a indicação é aplicar pequenas quantidades de água sanitária nestes locais, já que, conforme estudo realizado pelo CENA – Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP – Universidade de São Paulo, o produto mostrou eficácia maior que 90% na mortalidade das larvas do mosquito após 48 horas. As quantidades variam de uma colher de chá (vasos sanitários de uso não diário) até dois copos de 200ml (para barris de 200 litros de água). “É importante ressaltar que essa indicação é apenas para água que não será consumida por seres humanos ou animais”, alerta Engler.
Solução complementar
A solução complementar, em caso da constatação da presença do mosquito adulto, é o uso de desinfestantes (inseticidas), que, inclusive, fazem parte das campanhas públicas de combate ao Aedes aegypti, especialmente em ações de nebulização de espaços abertos. “Deve-se atentar, no entanto, que o uso de desinfestantes é adequado no combate ao mosquito adulto. No caso de ovos e larvas, a melhor solução é eliminar a água parada e realizar a limpeza completa dos possíveis focos de criadouro, mesmo que tenham secado após um período de acúmulo de água”, finaliza o diretor-executivo da ABIPLA.
Chuvas acima da média e enchentes
A preocupação com a eliminação dos criadouros é ainda mais pertinente em um ano de El Niño. Isso porque o fenômeno climático pode provocar chuvas acima da média em determinadas regiões e seca em outras. Nos dois casos, há risco de aumento de locais de acúmulo de água, já que a população tende a armazenar água para enfrentar a estiagem e as chuvas naturalmente podem criar locais de acúmulo.
Além disso, nesta época do ano, há tendência de chuvas volumosas e localizadas, o que pode ampliar o risco de enchentes. Para ajudar a população a lidar com a limpeza de ambientes nestes casos, a ABIPLA, o CFQ – Conselho Federal de Química, a APRAG – Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas e o SINDPRAG – Sindicato das Empresas de Controle de Vetores e Pragas Urbanas lançaram uma cartilha gratuita sobre o tema.
A cartilha Enfrentando Estragos Causados por Chuvas Fortes, Alagamentos e Enchentes oferece soluções de higienização de objetos, superfícies e ambientes e medidas para garantir a sanitização da água para consumo. Ela aborda ainda medidas de controle de pragas e vetores, como ratos, baratas e mosquitos transmissores de doenças, além de informar sobre as principais formas de contato das autoridades que podem ser acionadas em caso de inundações e enchentes.