Dermatite atópica: mitos e verdades

Doença que afeta 15% da população ainda é cercada de dúvidas no diagnóstico, sintomas e tratamentos

São Paulo (SP) – Pouco divulgada, a dermatite atópica (DA) continua sendo uma doença que suscita dúvidas. Seja no diagnóstico, tratamento e até sintomas, os 15% da população acometida pela DA passam por inúmeros questionamentos até poderem conviver com a doença garantido qualidade de vida.

A dermatite atópica (DA) é uma dermatose inflamatória crônica, de etiologia multifatorial, caracterizada por prurido de moderado a intenso, que evolui em surtos e tem caráter alérgico hereditário.

“Em primeiro lugar, a DA não é uma doença contagiosa e não é fatal, como muita gente ainda acredita”, diz Izabela Candéa, produtora de eventos da ONG Crônicos do Dia a Dia (CDD), que desenvolve uma campanha de disseminação de informações sobre DA e ajuda quem tem doenças crônicas a ter uma vida com mais qualidade. Izabela é mãe da pequena Nina, de oito anos, que convive com enfermidade desde o nascimento.

Normalmente, a doença se manifesta em pessoas que têm outras alergias como rinite alérgica e asma, doenças que frequentemente atingem outros membros da família. Por ser crônica, a dermatite atópica pode ser desencadeada por stress, ansiedade e pelo contato com substâncias irritantes como poeira, fungos, ácaros, conservantes e produtos de limpeza. O clima é outro fator desencadeador, o tempo seco ou úmido, bem como a utilização de tecidos de lã ou sintéticos também influenciam no seu surgimento.

Os sintomas, além da pele muito seca, são muito parecidos com outras alergias comuns: coceira, o surgimento de pruridos, descamações, formação de crostas e, em alguns casos, dor e ardência na pele. Na infância, as lesões costumam ser avermelhadas e descamativas enquanto em adolescentes e adultos, a pele se torna mais grossa, áspera e escurecida. Os locais mais atingidos são áreas de dobras da pele como região posterior dos joelhos, pescoço e dobra dos braços, mas outras áreas também podem ser atingidas.

Ao contrário do que muitos pensam, a dermatite atópica não se manifesta somente durante a infância. Os casos são raros, mas é possível jovens e adultos desenvolverem a doença depois de uma certa idade, e que pode surgir em situações de estresse ou outros fatores3.

“No caso da Nina o diagnóstico não foi fácil. Por ser uma doença ‘de pele’ fomos a vários médicos dermatologistas e nenhum deles nos informou que era uma doença alérgica e que deveríamos ir a um alergista. Nosso caminho até o diagnóstico durou cinco anos”, conta.

Existe cura?

Ainda não há cura para doença, mas as crises podem ser diminuídas com o uso diário e contínuo de hidratantes específicos, elaborados com ingredientes que ajudam a reconstruir a barreira cutânea e outros, como ingredientes prebióticos, que auxiliam no equilíbrio do microbioma, contribuindo assim para a manutenção de uma pele saudável. Uma terapia biológica foi aprovada, em 2017, para uso adulto, e agora, em agosto de 2019, para uso em crianças.

“Como toda doença crônica, exige um tratamento continuo e a aderência é fundamental para o sucesso do plano terapêutico. Na infância os desafios são menores. Em se tratando da adolescência, o paciente precisa estar motivado para incorporar os cuidados ao seu dia-a-dia”, diz a alergista Djanira Andrade.

“Não existe paciente com DA que não precise de hidratante e neste quesito, existe toda uma alquimia entre a escolha do melhor produto (individualizando preferências e poder aquisitivo de cada pessoa) e a rotina de hidratação. O uso de antialérgicos, corticoides e inibidores da calcineurina também podem ser necessários. Como terapia avançada, temos os imunossupressores e mais recentemente os imunobiológicos como terapia adicional. Este último promete renovar a esperança de melhora em pessoas com dermatite atópica moderada e grave de difícil controle.”, explica a médica.

“É uma jornada longa, cansativa e cheia de frustrações. É preciso ter muita paciência e não desistir! Não se permitir ser influenciado por opiniões alheias, ter controle emocional e se certificar que realmente tudo que for possível está sendo feito”, afirma Izabela.

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