Com o avançar da esperança média de vida, é natural uma crescente preocupação com a qualidade de vida na terceira idade. Somos cada vez mais capazes e a visão da velhice como apenas um fim tem que ser descartada. O neurocientista Fabiano de Abreu esclarece sobre como o nosso cérebro se adapta e reorganiza para que possamos aproveitar melhor todas as fases da nossa vivência independentemente da idade.
“Por muitos anos a ciência acreditava que ao atingir determinada idade o cérebro perderia a capacidade de produção neuronal, que se o tecido cerebral fosse lesado em regiões específicas por conta de derrames, traumatismos ou doenças, essa região jamais se regeneraria causando no indivíduo uma perda total da função exercida por ela.”, esclarece.
Como nos refere o neurocientista, “Atualmente sabemos, por meio dos resultados das pesquisas científicas, que embora o cérebro seja incapaz de se regenerar ele possui uma capacidade de se reorganizar, ou seja, de se adaptar, de modificar o processamento das informações e que essa capacidade de modificação e rearranjo das redes de neurônios formam novas sinapses reforçadas. Assim múltiplas possibilidades de respostas ao ambiente tornam-se possíveis, pois o cérebro é altamente maleável e com os estímulos adequados e intensos pode-se modificar a estrutura cerebral desenvolvendo habilidades e retardando o próprio envelhecimento natural”.
Seguindo estes novos conceitos Abreu relembra que, “A melhor terapia para terceira idade é uma neuropsicanálise ampla, ou uma neurofilosofia, ou seja, numa filosofia de vida em que, o tratamento está no fortalecimento de sinapses variadas e no estímulo aos neuromoduladores e estabelecemos isso através dos comportamentos e hábitos.
O fortalecimento das sinapses está na variedade das tarefas que tiram o indivíduo dos vícios cotidiano, do automático que já não há estímulos, reforço sináptico. Assim como na ginástica seja ela física ou mental para estimularmos diferentes sinapses.
Em relação aos neuromoduladores tudo isso acima contribui assim como uma dieta balanceada de acordo com o indivíduo, seu estilo de vida, genética e personalidade. Experimentar novos hábitos de acordo com a personalidade e principalmente a aprendizagem de diferentes tipos é uma ginástica cerebral importantíssima.”.
A neuroplasticidade é, portanto, a base de tudo. Pensando nesse propósito, Abreu Refere três atitudes que podem ajudar nesse processo:
Mudanças estruturais – Quando as informações são repetidas, logo após a mudança, os dendritos crescem e se formam novas conexões. Melhora a capacidade e a coordenação motora. Exemplo, quando uma mão não funciona bem, trabalhava-se a mão boa para suprir a falta. Na verdade, deve-se estimular a mão ruim pois os neurônios se adaptam para trabalhar em função da mão ruim. Se faz necessário a repetição.
Alterações funcionais – O cérebro se adapta as mudanças e as faltas. Quando mudamos os hábitos criamos novas conexões e quando repetimos fortalecemos as sinapses.
Alimentação e exercícios – Uma dieta e exercícios relacionados aos comportamentos, personalidade, através de um mapa vital do indivíduo onde pode-se analisar as produções hormonais e dos neurotransmissores para um melhor estímulo e regulação para melhores resultados. Um exame de sangue com dados hormonais é importante para auxiliar na terapia.
Esse conceito foi escrito por Fabiano de Abreu como TCC final com nota máxima na universidade Cognos em Portugal em neuropsicologia. Colocando o artigo disponível para leitura.