A saúde mental ganhou um novo status quando a pandemia bateu na porta da população mundial. Ansiedades, mudanças comportamentais devido ao isolamento social, medos e outros sentimentos ficaram mais latentes e estão sendo vistos com mais atenção pelas pessoas no dia a dia e também pelos profissionais da Psicologia. Neste momento em que a área de atuação tem sido cada vez mais valorizada, o Dia do Psicólogo, comemorado em 27 de agosto, torna-se ainda mais importante e abre espaços para a discussão de temas relevantes. Prova disso, o pico de pesquisas por atendimento psicológico nos últimos 12 meses aconteceu em março desse ano, quando o País estava iniciando a quarentena, seguindo informações do maior site de buscas da internet.
A necessidade de distanciamento e isolamento social impactou diversos serviços e áreas de atuação, entre eles, o atendimento psicológico. Com as medidas preventivas para evitar o contágio da covid-19 e o aumento da procura por esses profissionais, as consultas online se tornaram comuns. Segundo o Conselho Federal de Psicologia, 51.747 novos profissionais solicitaram entre março e abril a autorização para atendimentos virtuais – número recorde até o momento. A coordenadora do curso de Psicologia da Uniderp, Gislene Pereira, explica que embora a prática já acontecesse, não era comum. “O atendimento online já existia, mas na pandemia houve uma intensificação deste formato, tornando-o uma ampliação de carreira do psicólogo”, afirma.
A sessão virtual pode ser uma tendência para a carreira, segundo projeção de Gislene. “É importante lembrar que a transformação digital está impactando todas as profissões e, na área da psicologia, os recursos e ferramentas disponíveis atualmente mostram possibilidades de demandas do futuro profissional. O formato remoto é flexível para o psicólogo e cômodo para o paciente. Além disso, pode auxiliar pessoas que moram em locais em que não há o profissional na cidade e, desde que respeite as questões éticas e havendo o cuidado na escolha de profissionais qualificados, é possível realizar o atendimento com qualidade”, complementa.
Na internet, pode-se encontrar informações sobre qualquer tema. Por esse motivo, a professora da Uniderp alerta para a necessidade de cuidados e da análise de cada caso antes de uma avaliação mais detalhada. “Considerando a facilidade de acesso a todo tipo de informação por meio da internet e das redes sociais, há sim o risco de uma psicologia rasa, ou seja, métodos apenas para melhoria de sintomas, mas sem tratar as causas. O contato humano, principalmente em casos de crises graves, ainda se faz necessário, para tratar o problema existencial. As ferramentas virtuais trazem vantagens, mas é necessário avaliar cada caso para entender a demanda do paciente, antes de definir o melhor caminho”, finaliza.
Dicas para vencer a ansiedade de desempenho
Algumas técnicas simples podem apoiar, juntamente com tratamentos psicológicos, aqueles que têm enfrentado sintomas de ansiedade durante esse período de adversidades e que podem ser mais intensos em determinados momentos do dia. A chamada ansiedade de desempenho é um importante exemplo e pode ser definida como uma cobrança pessoal que exige uma performance muito acima da avaliação que uma pessoa faz sobre ela mesma, tendo como característica principal as exigências e críticas pessoais excessivas, além do perfeccionismo, que pode aparecer no trabalho, nos relacionamentos e até mesmo na vida sexual.
Veja abaixo 4 dicas da professora de Psicologia para ajudar quem está lidando com a ansiedade:
1ª dica: Realizar a respiração quadrada, uma tarefa que consiste em inspiração, pausa cheio, expiração e pausa vazio. O movimento pode ser feito da seguinte forma: inspiramos contando até quatro, seguramos o ar nos pulmões por mais quatro segundos, expiramos por mais quatro segundos e seguramos sem ar contando até quatro. É importante que a respiração quadrada seja realizada enquanto treino e não somente nos picos de ansiedade.
2ª dica: Entender que a ansiedade atinge um ápice, mas depois abaixa naturalmente, lembrando que o ápice depende da história de vida e da construção psíquica de cada um. Por isso, é importante reconhecer quais os sinais do corpo e da mente que já estão em sofrimento: ficar sem ar, respiração mais curta e pensamentos acelerados são exemplos comuns.
3ª dica: Trilhar um caminho de autocompaixão em vez de julgamento. Um exercício importante neste momento é pensar sobre você o mesmo que se pensa de uma pessoa querida. Por exemplo: se algo negativo acontecesse com alguém que gostamos, o que falaríamos para essa pessoa? Em vez da cobrança dura, é importante visualizar quais conselhos de compaixão poderiam ser aplicados para nós mesmos.
4ª dica: Por fim, vale dizer que embora muitos consigam conduzir sozinhos melhorias relacionadas à ansiedade, é natural precisar de ajuda profissional – e não há nenhum mal nisso. “A condição interna de cada um é diferente e buscar ajuda de um psicólogo não torna a pessoa mais frágil, ao contrário, demonstra o cuidado consigo, fundamental para a saúde mental. É importante entender que o profissional da área pode ter um papel importante para tornar esse processo mais leve”, finaliza Gislene Pereira, coordenadora de Psicologia da Uniderp.