Dia Mundial da Esclerose Múltipla: Cannabis medicinal vem revolucionando o tratamento da esclerose múltipla

A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença autoimune, crônica e inflamatória que tem como característica o ataque do sistema imunológico às células da bainha de mielina, que é extremamente importante para a condução dos impulsos nervosos. Embora seja considerada uma das desordens neurológicas mais comuns em adultos jovens no mundo, em especial mulheres de 20 a 40 anos, a doença ainda é pouco conhecida pela população. No Brasil, segundo a ABEM (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla), estima-se que existam cerca de 40 mil pessoas vivendo com a enfermidade, enquanto no mundo, há mais de 2,8 milhões de casos.

Fadiga sem causa aparente pode ser sintoma de esclerose múltipla – Foto: Divulgação

Conforme esclarece o Dr. Douglas Sato, médico neurologista e professor titular da Escola de Medicina Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), “essas inflamações geram danos à bainha de mielina no sistema nervoso central, que comprometem diversos sistemas funcionais, tais como visão, sensibilidade, coordenação ou força motora, ocorrendo uma espécie de falha na comunicação entre o cérebro e o restante do corpo”.

Além da sensação de fadiga, alterações de visão (dupla ou borrada), alterações de sensibilidade, dificuldade no controle da bexiga e intestino, os pacientes com EM podem apresentar distúrbios motores que resultam na dificuldade para andar, falta de equilíbrio e coordenação motora, formigamentos, rigidez muscular, entre outras manifestações. Em alguns casos, podem ocorrer quadros de perda de memória e depressão.

Como não há um marcador para essa enfermidade, para identificá-la, além de avaliação clínica, recomenda-se a realização de exames de imagem, como a ressonância magnética. Em alguns casos, se realiza a punção lombar para a coleta do líquor para realização de exames que auxiliam no diagnóstico. Sabe-se que a EM envolve várias causas, como por exemplo, fatores genéticos e ambientais, como infecções virais, tabagismo, obesidade, entre outras condições.

Apesar de ser uma doença ainda sem cura, já existem uma série de medicamentos que auxilia no melhor manejo das consequências da EM no organismo. Um deles traz em sua composição o CBD e THC, substâncias encontradas na planta da cannabis sativa, e tem se mostrado eficaz no controle da espasticidade, condição frequente em 80% dos casos de EM. Pacientes com espasticidade costumam relatar uma sensação de rigidez nos músculos, o que dificulta a movimentação do paciente.

Trata-se do Mevatyl, primeiro medicamento derivado da planta cannabis sativa, aprovado pela ANVISA, com indicação para tratar os sintomas de pacientes adultos que apresentam espasticidade moderada a grave, por causa da esclerose múltipla. “Além de reduzir a rigidez e a falta de mobilidade provocadas pela espasticidade, esta terapia pode reduzir a dor, proporcionando melhorias na qualidade de vida do paciente”, reitera o Dr. Sato.

De acordo com o médico da PUC-RS, é importante entender que cada paciente exige um tratamento individualizado e apoio de uma equipe multidisciplinar, de acordo com a sua necessidade. “Quanto antes a EM é diagnosticada e tratada, maior a chance de reduzir a incapacidade permanente”.

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