Quinta-feira (10 de setembro) é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, data que integra a campanha de conscientização Setembro Amarelo. São registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil, e 1 milhão no mundo. Trata-se de uma triste realidade que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens, por isso é importante falar sobre o tema para alcançar quem precisa de ajuda. “Campanhas como o Setembro Amarelo são importantes como uma forma de lembrar da importância do cuidado com a saúde mental, mas o ideal é que a gente fale sobre isso durante todo o ano. É preciso conscientizar as pessoas para acabar com o preconceito com a procura por psicoterapia e atendimento psiquiátrico”, afirma o psicólogo João Vilela.
Segundo o relatório “Mortes Violentas de LGBT+ no Brasil”, realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), considerado a mais antiga associação de defesa dos direitos humanos voltada a população LGBT no Brasil, 100 lésbicas, gays, bissexuais e transexuais tiraram a própria vida durante o ano de 2018. Os suicídios passaram a ser contabilizados no estudo em 2016, e desde então os casos saltaram mais de 284%, quase quadruplicando, de 26 ocorrências no primeiro relatório para 100 no mais recente. “O suicídio não acontece só com a população LGBTQ, mas acontece de uma forma mais expressiva nessa população justamente pela questão da vulnerabilidade social, da exclusão, dos preconceitos e da LGBTfobia”, explica João, que como homem trans conhece os desafios dessa comunidade.
De acordo com a revista científica Pediatrics, gays, lésbicas e bissexuais, devido à homofobia, têm seis vezes mais chance de tirar a própria vida, em relação a heterossexuais, com risco 20% maior de suicídio quando convivendo em ambientes hostis à sua orientação sexual ou identidade de gênero. O mesmo acontece com pessoas trans, cujos números de suicídios registrados tem aumentado, apesar da dificuldade até de ter acesso aos dados. “A gente fala que o suicídio também é uma forma de violência dentro da população LGBTQ, porque essa pessoa não se suicida porque não quer mais viver, ela se suicida pela exclusão e pelas violências que sofre no meio social. Essas pessoas não se suicidam, são suicidadas”, comenta Vilela.
Para o psicólogo, o caminho para mudar essa triste realidade passa pela inclusão de políticas públicas dentro das escolas, para diminuir o preconceito e falar sobre aceitação do diferente, e também ampliar o acolhimento e o atendimento qualificado de combate ao suicídio para a população LGBTQ. “Quando a pessoa tiver esse ímpeto é importante que ela possa encontrar o acolhimento correto, com profissionais capacitados”, completa.
Serviço: No site da Campanha Setembro Amarelo (www.setembroamarelo.com), estão disponíveis materiais informativos para download, como a “Cartilha Suicídio Informando para Prevenir”. O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e de prevenção do suicídio com atendimento voluntário e gratuito pelo telefone 188, e-mail ou chat online 24 horas todos os dias.