Como se fosse magia
Nosso poeta alcançou
O afã da poesia
Foi aí que clareou
Clareou é do infinito
Oh! Que tema tão bonito
Adelaide, a pomba da paz
Está escrito
Voa, voa, voa
Deixa a tristeza de lado
Voa, voa, voa
Vai levar o seu recado
Leia esse matutino vai mudar o seu destino
Disse o tucano falador
Preciso de um mensageiro
Que seja bem ligeiro
Que leve a paz aonde for
Pomba, entre na floresta
Aproveite, a hora é esta
De aliviar a sua dor
Ilumine a escuridão
Faz feliz o coração
De qualquer sofredor,
Essa letra é de Neném, Mauro Silva, Isaac e Carlinhos Madureira e cria a empolgante “Adelaide, a pomba da paz“, inspirado no poema homônimo de Walmir Ayala, trata da história da pomba Adelaide, que em sua viagem pela floresta, vai juntando letras para no final formar a palavra AMOR e encontra o Senhor dos Rios. Provavelmente, foi o primeiro enredo contundente abordando a preservação das espécies, executado por Geraldo Cavalcanti, estreando na Portela em 1987. Com esse enredo, a escola viria retomar uma de suas características – levar para a avenida temas e enredos inspirados em obras literárias, marca desse desfile é que a Portela, que acostumara a invadir a avenida com seu mar azul e branco e que no ano anterior já havia surpreendido muita gente com um carnaval colorido, adotou naquele ano uma ousadia maior: a tradicional Comissão de Frente e a Águia pediam passagem para um primeiro setor todo em tons escuros, representando os animais da noite, com uma inacreditável e enorme ala de morcegos, toda em negro, com chapéus encimados por plumas amarelas e todos os componentes com lenços brancos nas mãos, fazendo com que o público se virasse boquiaberto para assistir ao desfilar de garças, jaguatiricas, raposas, pavões, leões, aranhas, corujas, tucanos, botos, jacarés, pelicanos, em meio às alegorias que lembravam teias de aranha, troncos e galhos de árvores. Realmente foi pura magia aquela manhã de terça de Carnaval. Todavia apesar da leveza da música e da magia dos pombos correios, este artigo tende a alertar sobre uma possível doença que a aproximação com pombos pode causar. É a criptococose classificada como micose sistêmica, causada por fungos e que, dependendo do caso, pode matar. Comento isso em função da proximidade deste mês ser um dos meses propícios para o acasalamento. Comumente é conhecida como doença do pombo. O principal reservatório do fungo é matéria orgânica morta presente no solo, em frutas secas, cereais e nas árvores. O fungo causador da criptococose também é encontrado frequentemente nos excrementos dos pombos. Não existe transmissão inter-humana dessa micose (cryptococcus neoformans), nem de animais ao homem. No entanto, indivíduos, ou seja, os seres humanos, estão expostos à doença por meio da inalação dos fungos causadores da criptococose.
Exposto isso, não existem medidas preventivas específicas. Entretanto, recomenda-se a utilização de equipamento de proteção individual, sobretudo de máscaras, na limpeza de galpões onde há aglomerado de pombos. Diante disso, medidas de controle populacional de pombos devem ser implementadas, como, por exemplo, reduzir a disponibilidade de alimento, água e, principalmente, abrigos. Os locais com acúmulo de excrementos desses animais devem ser umidificados para que os fungos possam ser removidos com segurança, assim como a sua dispersão por aerossóis. Os indivíduos mais susceptíveis são os imunodeprimidos, sendo em alguns casos a criptococose a primeira manifestação que leva ao diagnóstico da variante C. Neoformans, de caráter oportunista, representa a principal causa de Atualmente, o diagnóstico é feito através da observação clínica dos sintomas e de vários testes laboratoriais, sendo o mais utilizado o “Tinta-da-china” que torna possível detectar o agente transmissor da Criptococose. Além disso, é feita a análise de secreções corporais para verificar a presença do fungo no organismo. Frequentemente os exames clínicos e laboratoriais e os exames de imagem ajudam a investigar esses sintomas. Em outras palavras, é possível também realizar os exames que referem-se ao liquido cefalorraquidiano (líquor), nos quais é feita a demonstração definitiva do fungo, que irá levar ao tratamento.
Frequentemente, o tratamento é feito por meio do uso de antifúngicos, principalmente em casos mais graves da doença, que devem ser usados conforme a orientação de um profissional de saúde. Além disso, é importante evitar o contato com a fonte de transmissão desse fungo, como por exemplo lavar os locais que possuem razoável quantidade de pombos com água e cloro, por exemplo. Neste sentido, o acesso a um local que sirva como abrigo também favorece a proliferação do pombo, em especial durante o período reprodutivo e de incubação dos ovos, que dura apenas 19 dias. Os lugares preferidos dos pombos para fazer seus ninhos são telhados, forros, caixas de ar-condicionado e marquises. Claro, os pombos são inteligentes e sociáveis, e o que mais precisamos neste momento é que a pomba da paz visite os quatro cantos da terra.
*Articulista