Em um panorama educacional marcado por mudanças e avanços, a acessibilidade no ensino tornou-se uma necessidade premente. Especialmente para pessoas com deficiência (PcD), garantir equidade de oportunidades de acesso ao conteúdo e às atividades educacionais tem sido um desafio e uma busca constante. Neste cenário, a educação a distância (EaD) emergiu como uma porta de entrada fundamental para estudantes com condições de deficiência no ensino superior, abrindo caminhos até então inexplorados.
De acordo com os dados do Censo Superior da Educação de 2022, o número de estudantes PcD matriculados na educação superior aumentou significativamente. Nos últimos anos, de um total de quase 10 milhões de alunos matriculados no Brasil, 79.302 são alunos com alguma condição deficiência, o que representa cerca de 0,79% do total matriculado em graduações à distância e presencial, representando um crescimento bastante significativo em relação aos números do censo de 2020, que apresentava 19.689 alunos com alguma condição de deficiência.
Apesar desse avanço, as pessoas com deficiência ainda representam uma pequena parcela do corpo discente, totalizando menos de 1% do total de estudantes matriculados em cursos de graduação. Em contrapartida, segundo estimativas feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2022, o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência, considerando a população com idade igual ou superior a dois anos. Ou seja, o olhar para o acesso à educação se faz fundamental, e para muitos estudantes essa porta vem sendo o ensino a distância, que possibilita oportunidades para a obtenção do diploma de graduação até então inalcançáveis com as metodologias educacionais até então disponíveis.
Simone Maria de Arruda, ex-aluna bolsista da Uniderp e deficiente visual, obteve graduação em agosto do ano passado no curso de História. Sua determinação em superar desafios despertou o interesse em explorar as oportunidades oferecidas pelo EaD, destacando não só a flexibilidade, mas um ambiente adaptável que une diversos recursos para atender às suas necessidades. “No início foi muito difícil pois a deficiência nos limita, mas com o passar do tempo fomos buscando entendimentos e maneiras para que o curso se tornasse ainda mais acessível. Foram disponibilizados links para eu acessasse diretamente pelo celular, o que foi extremamente importante pois consigo ter um maior controle das ações”, destaca.
“Na minha visão, a EaD consegue aproximar ainda mais as pessoas que possuem uma vida corrida ou algum tipo de deficiência. Como sou servidora pública, todo o tempo livre que tive durante o meu trabalho, eu aproveitava para estudar e me especializar nas matérias do curso. Eu realmente me apaixonei pela ferramenta e, por conta disso, meu objetivo é cursar uma pós-graduação no ano que vem”, complementa.
Na construção do acesso à estudantes que apresentam alguma condição de deficiência no ensino superior, a EaD proporciona tecnologia emergentes fundamentais para o aprendizado, como legendagem automática, audiodescrição, interfaces acessíveis, entre outras inovações. E é importante salientar que o desenvolvimento de plataformas cada vez mais acessíveis a todas as pessoas possibilita uma facilidade de acesso que não beneficia somente as pessoas com alguma condição de deficiência.
Cristiano Cupertino, Reitor da Uniderp, explica que a educação à distância, ao tornar-se um espaço mais inclusivo, não apenas está abrindo portas para os estudantes deficientes, mas também está se tornando um exemplo de como a educação pode ser adaptável e enriquecedora para todos os alunos, independentemente de suas capacidades físicas.
“A Educação a Distância, ao vencer obstáculos e utilizar progressos tecnológicos, surge como um agente de mudanças benéficas no âmbito educacional. Há diversas aplicações, como a inclusão de intérpretes de Libras e legendas em vídeo aulas para pessoas com deficiência, além de recursos no ambiente virtual do aluno, como aumento de contraste, fonte maior e compatibilidade com leitores de texto, que tornam o acesso mais fácil tanto para cursos presenciais quanto a distância”, finaliza.