O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), entende que a região amazônica precisa urgentemente de investimento em bioindústria, a partir de estudos científicos aplicados, como forma de fomentar e proporcionar a sustentabilidade ambiental no desenvolvimento econômico do Amazonas. O deputado federal fez essa declaração em sua apresentação no quarto dia da conferência “Entendendo a Amazônia”, no dia 22 de julho.
“Há necessidade de investimento urgente e estratégico na bioindústria. Isso depende essencialmente de pesquisa aplicada, o que não realizamos. E se não realizamos, não conseguimos reverter o potencial de riqueza da floresta em riqueza efetiva”, destacou, em referência a produtos fitoterápicos, cacau nativo e pescado, entre outros “Quando você discute bioindústria, você discute a partir da premissa de uma indústria que precisa da floresta em pé.”
Para o parlamentar, o que falta para a região é uma política de desenvolvimento regional que não devaste a floresta. “Esse é o desafio que está posto para o futuro do Amazonas e do Brasil. O mundo tem um pacto de criar neutralidade climática nos próximos anos e a floresta amazônica é o maior ativo de captação de gás carbônico da atmosfera”, lembrou. Como exemplo de ações públicas que podem ser melhores, citou a Zona Franca de Manaus (ZFM).
“Os militares, quando conceberam a ZFM, conceberam como incentivo à instalação de indústrias com dois objetivos: o primeiro, geopolítico, de ocupar a Amazônia para reafirmar a soberania do país sobre a região; e o segundo, econômico, de substituir importações. O Brasil não planejou isso, mas hoje existem estudos consistentes de que a ZNF acabou se consolidando como instrumento fundamental de preservação da floresta”, disse Ramos.
Segundo o deputado, esse “instrumento de preservação” acontece a partir da geração de emprego e renda para a população e de riqueza e receitas para o Estado – de forma não agressiva do ponto de vista ambiental. “Mas essas riquezas não foram reinvestidas em ações estruturantes que dessem sustentabilidade a esse modelo e que criassem um novo, mais identificado com as nossas vocações naturais. Infelizmente, nós chegamos a este momento da história do país com um modelo de desenvolvimento ainda fundado em barreiras comerciais e incentivos fiscais”, comentou o parlamentar, para quem a situação precisa mudar, para benefício do bioma.
Ramos é formado em direito pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e especialista em direito processual e gestão governamental. Autor de quatro livros, desde 2019, quando assumiu o mandato, tem atuado em diversas frentes parlamentares, entre elas a de energias renováveis, a de apoio ao ecoturismo e do desenvolvimento regional sustentável. Foi vereador de Manaus pelo PCdoB e deputado estadual do Amazonas pelo PSB.
Entendendo a Amazônia
A conferência Entendendo a Amazônia aconteceu de 19 a 22 de julho e teve como objetivo principal informar a sociedade em geral e buscar melhores caminhos para essa riqueza, integrando a preservação com a produção sustentável. Tudo de forma isenta, sem viés político. São 28 palestras destinadas a todos os públicos do Brasil e do exterior. O conteúdo fica gravado e disponível até 31 de julho no site www.entendendoaamazonia.com.br.
O último dia do evento começou com a pergunta “O que precisamos fazer agora para ter uma floresta saudável no futuro?”, que foi levada à reflexão por Roberto Yoshitami Yokoyama, engenheiro agrônomo com experiência no cultivo de seringueira e dendê. Já Antonio Carlos Soares Guerreiro, diretor-presidente da Amazul, destacou os rios e o mar: “preservar o verde é importante; proteger o azul é essencial”.
Anna Lucia Horta, gerente de negócios e investimentos na The Nature Conservancy (TNC) Brasil, explicou como os fundos internacionais podem estimular a preservação da Amazônia. E Stephane Glannaz – Chief Commercial Officer (CCO) da Precious Woods – e Jeanicolau Simone de Lacerda – engenheiro florestal e assessor da Precious Woods no Brasil realizaram o painel “Uma coisa é certa: cuidar da Amazônia é sempre um caso de sucesso”.
O Chief Executive Officer (CEO) da SLC Agrícola, Aurelio Pavinato – doutor em ciência do solo –, apresentou o sistema plantio direto, “estratégia número 1 para a produção alimentar sustentável”. A última palestra foi de Alfredo Lopes. Filósofo, escritor e editor-geral do Portal BrasilAmazoniaAgora, ele destacou: “cuidar da Amazônia agora é pensar no mundo”.
Iniciada em 19 de julho, “a conferência “Entendendo a Amazônia” reuniu 32 palestrantes de diferentes visões e ideologias que ofereceram um panorama amplo sobre a atual situação do bioma, que tem mais de 4,1 milhões de km² e ocupa 40% do território brasileiro, envolvendo nove estados. Com isso, o evento buscou disseminar informações de qualidade sobre essa área que é maior que a Índia e quase do mesmo tamanho que a União Europeia, com seus 27 países”, ressalta Marco Ripolli, diretor da Agri-Rex, que realizou o evento.
Para conferir as palestras, acesse www.entendendoaamazonia.com.br.
Para conferir na íntegra a apresentação, acesse www.entendendoaamazonia.com.br.