Entre a Alma e o Mar, Poesia e Crítica sintonizam-se no livro ‘Almar – poemas lusitanos de Rubenio Marcelo na ótica ensaística de Ana Maria Bernardelli’

Lançamento do livro ‘ALMAR – Poemas Lusitanos de Rubenio Marcelo na Ótica Ensaística de Ana Maria Bernardelli’ – Foto: Divulgação

O lançamento do livro ALMAR – Poemas Lusitanos de Rubenio Marcelo na Ótica Ensaística de Ana Maria Bernardelli – no Sesc Teatro Prosa, no recente dia 08 de outubro, foi um evento marcante, superprestigiado, que celebrou a união da palavra poética e da análise crítica em uma obra elaborada por duas mentes sensíveis e criativas.

ALMAR (palavra formada por aglutinação lexical) é o título que, semanticamente, sugere um entrelaçamento entre alma e mar (ou ao além-mar), simbolizando profundidade e imensidão, características presentes tanto nos poemas quanto nas reflexões que os acompanham. A obra, como se navegasse em águas de múltiplos sentidos, ressoa nas almas dos leitores, trazendo à tona temas existencialistas, humanitários e de conexão com o universo. Tudo isso inserido num universo luso-brasileiro, contemplando história, cultura, personagens históricas e arte dos irmãos além-mar e essência de irmandade.

O evento foi uma verdadeira celebração da literatura e da cultura, contando com a presença de renomados escritores, críticos, amigos e familiares. Os autores da obra apresentaram ao grande público um trabalho que, além de ser esteticamente belo, convida à reflexão profunda sobre questões humanas e sociais.

O poeta Rubenio Marcelo, conhecido por sua luta pela Literatura/Poesia e pensamento humanitário, trouxe para seus poemas uma sensibilidade ímpar, abordando temas como a condição da vida, a constatação das belezas portuguesas e o sentido de pertença no mundo. Suas palavras foram descritas no evento como ondas que tocam suavemente a margem das almas, mas que também possuem a força de um mar revolto, questionando a realidade com a intensidade de quem sente profundamente as nuanças do cotidiano.

Ana Maria Bernardelli, por sua vez, conferiu à obra uma visão crítica perspicaz, que não só analisa os poemas em sua estrutura e conteúdo, mas também os coloca em diálogo com outras produções literárias e filosóficas. Sua habilidade em explorar os simbolismos ocultos nas metáforas e imagens poéticas foi exaltada durante o lançamento, mostrando que ALMAR é uma obra que vai além da superfície, convidando o leitor a mergulhar em suas profundezas.

O lançamento contou ainda com uma apresentação musical de Fados que abrilhantou a noite, criando um ambiente envolvente e de profunda conexão com as palavras do livro. A música, cuidadosamente escolhida, entrelaçou-se com os versos lusitanos de Rubenio Marcelo, potencializando a experiência sensorial e emocional de todos os presentes.

Em seus discursos, tanto Rubenio quanto Ana Maria agradeceram emocionados pela presença de todos e pelo apoio da Fecomercio-MS e Sesc-MS que receberam ao longo do processo de criação do livro ALMAR.

A obra, que já nasceu com grande repercussão, promete marcar a história literária regional e nacional, sendo um exemplo de como a poesia e a crítica podem se complementar de maneira harmoniosa e frutífera. O livro “ALMAR – Poemas Lusitanos de Rubenio Marcelo na Ótica Ensaística de Ana Maria Bernardelli” (Ed. Life, 2024) é, sem dúvida, uma contribuição valiosa para aqueles que buscam na literatura não apenas entretenimento, mas também uma forma de compreender o mundo e a si mesmos.

No caso específico ALMAR, a obra representa ainda uma fusão entre a tradição literária lusófona e a sensibilidade contemporânea, refletindo uma diversidade de temas e formas poéticas. Com uma linguagem que dialoga com uma abordagem moderna e reflexiva, os poemas de ALMAR revelam a habilidade do autor em navegar por emoções universais e particularidades culturais.

O livro ALMAR carrega esse peso cultural, com poemas que evocam memórias, paisagens e afetos ligados tanto à tradição portuguesa quanto à brasilidade. Cada poema funciona como uma janela para o mundo íntimo do autor, ao mesmo tempo que cria pontes com uma história coletiva. O autor consegue equilibrar o uso de imagens poéticas com uma narrativa que explora questões de identidade, pertencimento e tempo.

A crítica literária atua como mediadora entre o texto e o leitor, utilizando diferentes abordagens teóricas para desvendar as camadas de significado da obra para criar uma sonoridade envolvente e imagens viscerais. A utilização de formas tradicionais e a inovação nas escolhas linguísticas criam uma experiência rica que exige uma leitura atenta visto que, a partir de uma perspectiva existencialista, considera a presença de temas como a efemeridade da vida, a busca por significado e a reflexão sobre o tempo.

Os poemas de ALMAR exploram a condição humana de maneira íntima e profunda, permitindo que o leitor se identifique com as mensagens contidas nas linhas e entrelinhas dos versos. Para além da forma, a crítica situa a obra em uma tradição literária dentro da rica tradição da poesia lusófona, que inclui desde poetas clássicos como Luís de Camões até figuras modernas como Fernando Pessoa. A obra se coloca em diálogo com essa tradição, ao mesmo tempo em que apresenta inovações estilísticas e temáticas que a tornam única.

Enfim, ALMAR, seus poemas e sua crítica literária são processos complementares que se harmonizam para oferecer uma leitura mais profunda da obra. ALMAR, ao mobilizar tradições poéticas e ao mesmo tempo inovar nas formas e temas, convida à reflexão crítica e ao engajamento com suas camadas de significado. A crítica, por sua vez, revela as riquezas ocultas no texto e promove o diálogo contínuo entre o autor, a obra e o leitor, perpetuando o legado literário para novas gerações. E para concluir, também, o sentido da grandeza da obra, na imensidão da alma e do mar, em que a verdadeira poesia surge como o sal da vida, estendo a epígrafe de Fernando Pessoa, reiterando que “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

Conjunto Fado Novo de MS, que abrilhantou a abertura do evento com belo repertório fadista – Foto: Divulgação

(*) José Pedro Frazão é escritor, historiador e jornalista, membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras.

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