São Paulo (SP) – Neste momento de isolamento social em que todos estão em casa para achatar a curva de contágio do coronavírus, muitas pessoas têm se preocupado em manter uma alimentação saudável para aumentar a imunidade e diminuir os riscos de se contaminar. Mas, também seria o momento de perder um pouco de peso? Muitos pensam que sim.
De acordo com a Organização Mundial de saúde (OMS), a obesidade é um fator de risco para quadro grave de contágio do novo coronavírus (COVID-19), considerando que, em sua maioria, pessoas que tem obesidade já fazem parte do quadro de doenças como diabetes, doenças cardiovasculares e complicações pulmonares. Uma pesquisa da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), aponta que, no Brasil, uma a cada cinco pessoas tem obesidade, e mais da metade da população tem sobrepeso.
Por conta disso, muitos adotam dietas restritivas para perder peso rapidamente. Porém essa não é a melhor opção, ainda mais quando se é preciso manter a imunidade do corpo em alta. A nutricionista doutora da USP e autora do best-seller “O peso das dietas”,
Sophie Deram, entende que o foco deve estar em manter-se saudável e com uma boa imunidade.
“As pessoas buscam nas dietas um emagrecimento rápido, acreditando que fará bem à saúde delas, mas não é bem assim. Dietas restritivas causam um grande estresse e, neste momento que estamos vivendo, afeta ainda mais a saúde mental das pessoas. Se você quer perder peso e, principalmente, emagrecer de maneira saudável e sustentável, a resposta não são as dietas, mas sim um estilo de vida saudável”, explica.
As dietas restritivas podem afetar a imunidade e diminuir a resistência física, o que é extremamente prejudicial neste momento. Além disso, o corpo ainda corre o risco de sofrer o “efeito sanfona”, que afeta o metabolismo. A melhor alternativa é ligar o alerta e saber que, no atual período, fazer dieta é piorar a saúde. “Cada dia que passa, respeitamos menos o nosso corpo da maneira que ele é. Atividades físicas diárias são importantes, mas o foco deve estar em manter uma alimentação mais fresca e caseira, com alimentos menos industrializados. Cozinhar também é uma boa dica. Agora, é preferível manter o mesmo peso, e ganhar saúde”, acredita.
A nutricionista ressalta que a ansiedade é diretamente afetada com uma nova rotina de isolamento social. “Por isso, é importante olhar para si mesmo, enxergar a sua fome e tentar descobrir se ela é real ou emocional. Esse é um fator que pode fazer com que as pessoas comam ainda mais”, salienta.
“O tédio e a ansiedade podem fazer com que as pessoas comam mais do que deveriam e, depois, elas tentam fazer dietas para perder o peso que ganharam. Devemos buscar entender o que sentimos no momento para descobrir se a fome não é apenas o nosso emocional querendo preencher a avalanche de sentimentos que estamos tendo. Não sou a favor de restrições, mas sim de comer bem. Para mim, a alimentação é um estilo de vida: comer bem, sem culpa, sem restrição, com prazer e respeitando sua fome, seu corpo e emoções. Essa é a melhor opção para nos mantermos saudáveis e cuidamos da imunidade no momento em que mais precisamos”, conclui.