São Paulo (SP) – Foi realizado no dia 15 de dezembro, o webinário “Repensando a doença de Alzheimer: cuidando hoje para um futuro melhor”. O evento, transmitido ao vivo pelo jornal O Estado de S. Paulo, com produção do Media Lab Estadão, foi mediado por Rita Lisauskas, blogueira do Estadão e colunista da Rádio Eldorado, e contou com a participação de Alexandre Kalache, médico gerontólogo e epidemiologista, Elaine Mateus, presidente do Instituto Não Me Esqueças, e Rodrigo Schultz, neurologista e presidente da Federação Brasileira das Associações de Alzheimer, a FEBRAz. O objetivo do encontro online foi discutir como o diagnóstico precoce, a qualidade de vida dos pacientes e o impacto em políticas públicas e sociais são importantes para repensar a doença de Alzheimer e mudar a perspectiva de atenção da doença no País.
Na ocasião, Dr. Alexandre Kalache abordou importantes temas relacionados ao envelhecimento da população, como a revolução da velhice, a conquista social do envelhecimento e a necessidade de políticas públicas para preparar as próximas gerações para uma transição demográfica saudável. O especialista comparou a atenção que é dada atualmente ao idoso no Brasil. “Se compararmos com a França, o Brasil está envelhecendo com pobreza, com níveis educacionais baixos, o que resulta de um grande déficit cognitivo. Isso é um grande fator de risco para o desenvolvimento de Alzheimer e outras demências”, reforça.
Segundo Kalache, é preciso preparar a sociedade para os futuros casos, não para os atuais. “É o envelhecimento da próxima geração que precisa de políticas públicas. O nosso já está perdido”, afirma. Por fim, o gerontólogo alegou que o desafio está em como os países em desenvolvimento estão se preparando para cuidar da doença de Alzheimer. Ele também abordou os impactos da doença para a seguridade social e na necessidade de preparação do sistema para tratar esses pacientes de uma forma efetiva e sustentável.
Nesse contexto, o neurologista Dr. Rodrigo Schultz explicou a diferença entre a doença de Alzheimer e outras demências, ressaltando a importância de atentar para os primeiros sinais, uma vez que o paciente pode estar sendo acometido pela doença e não saber.
Dr. Schultz pontuou a progressão da condição em termos de sintomas e em relação ao impacto para pacientes e sociedade. “É importante criar uma reserva cognitiva como forma de preservar o indivíduo e retardar uma possível evolução da doença”. Segundo o neurologista, apesar do diagnóstico da doença de Alzheimer ser clínico, existem estudos focados no diagnóstico precoce. “No futuro teremos biomarcadores que poderão identificar os primeiros sinais da doença”, afirma Dr. Schultz.
Em relação à prevenção, o médico ressalta que alguns hábitos podem ajudar a manter a mente saudável. “A escolaridade e a leitura são fundamentais para manter a mente ativa. Nesse sentido, o Brasil terá um aumento nos casos de demência por falta de desenvolvimento do processo de aprendizagem”, conclui.
Já a presidente do Instituto Não Me Esqueças, Elaine Mateus, comentou seu caso pessoal com a doença e como o impacto do diagnóstico interfere na estrutura familiar. A educadora reforçou que o diagnóstico tardio é extremamente prejudicial e fez uma alusão ao fato de viver em um processo de luto por ser uma doença ligada à estigmas.
Além disso, ressaltou o alto custo do tratamento e do cuidado com esses pacientes. Para ela, perder memória recente é quase um mito em relação à doença. “Os desafios do Alzheimer vão muito além da perda da memória. Existem várias consequências que envolvem a doença. Precisamos pensar em um país que esteja em processo de envelhecência, atentando para a importância da mudança no comportamento cognitivo desde já”, finaliza Elaine.
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Saiba mais sobre a doença de Alzheimer (2): a doença se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, pelo comprometimento das atividades de vida diária e consequente independência do indivíduo, e por uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais que se agravam ao longo do tempo. Os principais sinais e sintomas são perda de memória recente; repetir a mesma pergunta várias vezes; dificuldade para acompanhar conversações ou pensamentos complexos; incapacidade de elaborar estratégias para resolver problemas; dificuldade para dirigir automóvel e encontrar caminhos conhecidos; dificuldade para encontrar palavras que exprimam ideias ou sentimentos pessoais e irritabilidade, suspeição injustificada, agressividade, passividade, interpretações erradas de estímulos visuais ou auditivos, tendência ao isolamento. O quadro clínico da doença é dividido em quatro estágios. Forma inicial (estágio 1): alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais. Forma moderada (estágio 2): dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos. Agitação e insônia. Forma grave (estágio 3): resistência à execução de tarefas diárias. Incontinência urinária e fecal. Dificuldade para comer. Deficiência motora progressiva. Forma grave avançada (estágio 4): restrição ao leito. Mutismo. Dor à deglutição. Infecções intercorrentes.
1 – World Health Organization. Dementia Fact Sheet [Internet]. Dementia Fact Sheet. 2019 [cited 2020 Mar 30]. Available from: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/dementia
2 – Ministério da Saúde. Alzheimer: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção [Internet]. [cited 2020 Mar 31]. Disponível em: https://saude.gov.br/saude-de-a-z/alzheimer