Especialistas falam da alimentação na recuperação de pessoas com COVID-19

O fortalecimento do sistema imunológico através da alimentação é um importante aliado no combate a infecções e na recuperação

O número de casos de pessoas infectadas com o novo coronavírus não para de crescer. No Brasil, são mais de 18.1 milhões de casos confirmados. Desses, 15.9 milhões de pessoas conseguiram se recuperar. Mesmo com as vacinas já disponíveis, atualmente, o mais indicado para se garantir uma boa recuperação é o repouso, além de uma boa hidratação e o fortalecimento do sistema imunológico através da alimentação, sem deixar de citar algumas medidas farmacológicas para aliviar os sintomas, o que depende de cada caso e da orientação médica.

Foto: Divulgação

Uma pessoa infectada pelo vírus pode apresentar os seguintes sintomas e sinais: febre (acima de 37°C); tosse; dispneia (falta de ar); mialgia (dor muscular); fadiga (fraqueza); sintomas respiratórios superiores (espirro, tosse, dor de garganta); sintomas gastrointestinais, como diarreia. Vale ressaltar que todos esses sintomas interferem na aceitação alimentar. Em alguns casos, também podem surgir outros sintomas que interferem diretamente na aceitação alimentar, como a anorexia (ausência de apetite), ageusia (perda do paladar) e anosmia (perda do olfato).

Para a Nutricionista Lenita Borba, “o fortalecimento do sistema imunológico é um importante aliado no combate a infecções, e é uma medida necessária para que a recuperação após o contágio seja mais eficiente e cause menos danos possíveis à saúde. A nutrição e os bons hábitos de vida atuam como reforço da imunidade por meio de uma alimentação saudável e se torna essencial no processo de recuperação. “

Quando uma pessoa está com a imunidade baixa, fica mais propensa a ter pequenas ou até grandes infecções e, quando se contamina, neste caso, pela COVID-19, a imunidade baixa traz maior risco de complicações e poderá levar um maior tempo para a recuperação. “Deste modo, ter uma alimentação equilibrada para melhorar o sistema é essencial. Nela, deve conter alimentos com todos os grupos de nutrientes: carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas, minerais, fibras e água”, destaca a Nutricionista.

No caso de suplementação para os pacientes que estão se recuperando da COVID-19, Silvia Ramos, Nutricionista e conselheira do CRN-3, explica que deve ser levado em consideração a perda ponderal de peso. “Se houve perda de peso e de massa muscular, que é muito comum em pacientes que ficaram intubados, pode ser necessária uma suplementação completa, energética proteica, para que dê um suporte calórico maior na recuperação”.

Silvia também faz um alerta. “Não existe uma indicação de vitamina, (faltou uma vírgula) mineral ou nutriente específico para o pós COVID-19. O que devemos fazer é atuar nas deficiências. Uma muito comum é a vitamina D, que deve ser corrigida para chegar nos níveis ótimos. Isso ajuda o sistema imunológico como um todo. Os demais nutrientes devem ser prescritos se houver deficiência visto os exames laboratoriais”.

Como cenário atual demanda um cuidado redobrado não só com a higiene, mas também com a alimentação, é importante saber quais as outras condições clínicas do indivíduo com COVID-19. “Reconhecendo a história clínica, seja por presença de doenças crônicas, seja em situações específicas, no caso de idosos e outros, as necessidades nutricionais serão diferentes, por este motivo é extremamente necessário o acompanhamento com o profissional nutricionista para que possa individualizar o tratamento”, finaliza Lenita Borba.

Dicas e cuidados de alimentação para uma boa recuperação da COVID-19

  • Hidratação – fazer uso de no mínimo 2 litros de líquidos por dia, de preferência água, que deve ser potável. Ela é essencial para todos os processos metabólicos do nosso corpo. Também podemos contabilizar os líquidos ingeridos em leites, chás, cafés e sucos naturais;
  • Frutas, verduras e legumes – conforme as recomendações da OMS, o ideal são três porções de frutas e duas de vegetais por dia. Ao alcançar essa recomendação, você já garante uma defesa melhor para o seu organismo. Alimentos como manga, papaia, cenoura, batata doce, abóbora, damasco, pimentão vermelho, melão e o alho são ricos em precursores da vitamina A, que estimula a fagocitose (que o vírus seja eliminado do organismo).

As frutas cítricas como laranja, tangerina, papaia, kiwi, goiaba, morango, manga, maracujá, melão, melancia, caju, limão, abacaxi, limão, além de legumes e verduras como brócolis, couve, espinafre, agrião, rúcula, repolho, pimentão verde e vermelho, gengibre e alho são ricos em vitamina C, que estimula a formação de anticorpos.

Prefira o consumo das frutas, legumes e verduras in natura. Para consumi-los crus, preste atenção na higienização para evitar qualquer tipo de contaminação, como a Agência nacional de Vigilância Sanitária/ANVISA recomenda. Para isso, selecione os vegetais, retirando as folhas, partes e unidades deterioradas; lave em água corrente vegetais folhosos folha a folha, e frutas e legumes um a um; 1 colher de sopa de água sanitária, para cada 1 litro de água; enxágue em água corrente vegetais folhosos folha a folha, e frutas e legumes um a um. O hipoclorito pode ser adquirido gratuitamente na Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da sua região.

  • Alimentos antioxidantes – Várias situações fazem com que sejam aumentados a presença de radicais livres no nosso organismo e enfraquecem o sistema imunológico, inclusive o estresse emocional. Compostos bioativos como polifenois e carotenoides são antioxidantes e, possuem a capacidade de neutralizar ou evitar a formação de radicais livres. Frutas e hortaliças, gengibre e alho podem colaborar neste sentido.
  • Zinco – O zinco é um mineral que compõe o grupo de nutrientes que fortalecem o sistema imunológico. Como alimentos ricos em zinco temos: carnes de todos os tipos, fígado, peixe, alho, cereais integrais, oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas) e leguminosas (feijões, lentilha, ervilha, grão de bico), etc.
  • Alimentos fontes proteicas – Além das proteínas, que são essenciais para a recuperação e regeneração de nossas células, as carnes, fígado, leites, queijo, ovos, são ricos em vitaminas do complexo B, A e E, que atuam diretamente no fortalecimento da imunidade.
  • Omega-3 – o ômega-3 exerce um importante efeito anti-inflamatório, contribui para fluidez das membranas celulares, e auxilia na formação de substâncias que atuam como cofatores enzimáticos, contribuindo para a regulação do sistema imunológico. Pode ser encontrado principalmente em óleo de peixes, sardinha, salmão, anchova, arenque, cavalinha, atum, chia, linhaça (óleo, farinha e o grão), e oleaginosas como nozes e amêndoas.
  • Suplementos nutricionais completos – Os suplementos podem ser utilizados na forma líquida ou em pó durante os lanches ou enriquecendo as principais refeições, o que pode otimizar a necessidade de nutrientes no caso do consumo alimentar estar abaixo de 75% das necessidades nutricionais. Esta prescrição deve ser definida por um nutricionista que é o profissional habilitado para diagnosticar qual a necessidade nutricional de cada pessoa e avaliar o suplemento que atenda às necessidades nutricionais no momento.
  • Rotina de refeições – neste período, é necessário tentar manter a rotina das refeições diárias, evitar lanches e petiscos com excesso de açúcar, gordura e sal. Se possui algum sintoma associado a falta de apetite, paladar ou olfato, faça pequenas refeições, mais vezes ao dia. O fracionamento vai colaborar para que seja mantido o aporte necessário de nutrientes diariamente.
  • Não existe nenhum tipo de dieta milagrosa, medicamento ou suplemento que possa prevenir o contágio da COVID-19. O que podemos fazer é reforçar a higienização, limitar o contato social e melhorar o nosso sistema imunológico, dando atenção especial a uma alimentação saudável e planejada ao longo do dia.

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