A cadeia mercadológica do mercado ilegal de agroquímicos é organizada de forma semelhante à estabelecida pelo comércio legal. Os produtos entram principalmente pelo Paraguai, muitas vezes identificados como desinfetantes, artigo para limpeza e outros aditivos químicos para a indústria.
As informações fazem parte do estudo ‘O contrabando de defensivos agrícolas no País’, realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF). A pesquisa deu origem à uma audiência pública realizada no Senado Federal, nesta quarta-feira (29), às 11h, para debater o mercado ilícito de agroquímicos. A audiência foi solicitada pela senadora Soraya Thronicke (MS).
Em sua apresentação, no Senado, o presidente do IDESF, Luciano Stremel Barros, destacou a articulação das quadrilhas neste que é um dos vieses do contrabando que mais cresce no Brasil. “O mercado ilegal de agroquímicos tem alcance muito mais abrangente em relação a outras categorias de contrabando e cresce na proporção da expansão das áreas agrícolas pelo País”, afirmou.
Do total de defensivos utilizados no Brasil, 60% são herbicidas, produtos que são, também, os mais contrabandeados. Até 2009, o ingresso ilegal no Brasil foi protagonizado por contrabandistas de menor escala, mas a partir de então, a alta lucratividade desses produtos fez o crime se alastrar.
Além da senadora Soraya e do presidente do IDESF, a audiência pública contou com a presença do diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Carlos Goulart, e do oficial de Inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Danilo Coelho.
Também estiveram presentes o superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) do Mato Grosso do Sul, Luiz Alexandre Gomes da Silva; o delegado chefe da Delegacia da Polícia Federal de Foz do Iguaçu, Mozart Person Fuchs, e a gerente de Assuntos Regulatórios do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), Andreza Martinez.
Vários parlamentares de todas as bancadas também estiveram presentes na audiência. “Assim como todos os outros contrabandos, o de agroquímicos é um crime que não é ‘de fronteira’, mas passa pela fronteira. Só que, nesse caso, a abrangência é muito maior do que o contrabando de tabaco ou de armas, porque afeta o meio ambiente e, pela alimentação, ele atinge toda a sociedade brasileira”, destacou Barros.
Na segunda-feira (26), Luciano Barros apresentou o estudo na Expointer, em Esteio (RS), a convite da Assembleia Legislativa gaúcha.