Pelo terceiro ano consecutivo, o programa Mais Leite, do Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem, levou aos produtores de leite da região sul do Estado tecnologias de manejo na atividade, com apresentação de técnicas de baixo custo e resultados que fazem a diferença nos custos mensais de produção. Neste sábado (20), mais de 300 pessoas estiveram presentes no evento, com participação de 15 caravanas da região.
Foi o caso da produtora rural, Juraci Soares Cavalcanti, que percorreu 55 quilômetros de Vicentina, para conhecer uma das novidades do giro tecnológico apresentado este ano: a produção de milho hidropônico como opção de forragem no período de seca. “Atualmente consigo produzir uma média de 120 litros com 12 animais em lactação, mas, as outras 14 vacas estão prenhas e por isso, já estou planejando mais alternativas de alimentação. Como faço a maior parte do manejo sozinha trabalho com alimentos triturados servidos no coxo e utilizo vários tipos de capineira. Percebi que a utilização desta técnica (milho) é simples e muito eficiente”, observa.
O responsável por apresentar a tecnologia foi o supervisor regional do Mais Leite, Nivaldo Passos, que explicou todas as etapas, apontando a viabilidade praticada na região Nordeste do país. “Escolhemos esta técnica, pois, auxilia os produtores que enfrentam altos custos na aquisição de volumoso em períodos secos. O milho hidropônico possui ciclo rápido, pode ser utilizado a partir do 14º dia de desenvolvimento e não necessita de equipamentos sofisticados. Além de todos estes fatores é uma alternativa sustentável que não necessita de tratamento com defensivos agrícolas”, detalha.
A técnica de Hidroponia consiste no cultivo de plantas sem uso do solo e tem conquistado a preferência de vários produtores de hortifrutigranjeiros, no entanto, a adaptação para produção de volumoso demonstrou ser competitiva e de baixo investimento. “Para produzir 2,5 kg de milho hidropônico o produtor gastará cerca de R$ 4, se considerarmos o atual preço do grão. Outra vantagem importante é que o interessado aumentará a quantidade de massa seca na alimentação, de 4,2 para 7,2 quilos, em apenas 15 dias”, acrescenta Passos.
Valdinei Lima Dias também é assistido pela metodologia de ATeG – Assistência Técnica e Gerencial do Senar/MS e revela que, em dois anos de atendimento, dobrou a produção de leite. “Eu resolvi modificar meu sistema de trabalho começando do zero e em dois anos, aumentei de 43 para 120 litros produzidos. A principal mudança foi a implantação de sistema rotacionado de pastejo e a reforma de pastagem, por isso estou muito interessado em obter mais informações sobre os diferentes tipos de capim elefante que produzem grande volume de alimento para os animais”, revela.
Parcerias especializadas – a equipe técnica da Agraer – Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural contribuiu com importantes palestras, como o tratamento de madeiras utilizadas na infraestrutura das propriedades (mangueiros). Já a pesquisadora e docente, Ana Carolina Orrico, da UFGD – Universidade Federal da Grande Dourados apresentou informações sobre a técnica de fertirrigação, que consiste na aplicação de adubo líquido obtido a partir da fermentação de dejetos animais e água. O zootecnista Amarildo Pedro da Silva explicou as vantagens da utilização do milheto, na produção de silagem ou ainda, como consumo na forma de pastejo rotacionado.
Para o coordenador regional da Agraer em Dourados, Flávio Ferreira, a parceria realizada em conjunto com o sindicato rural, Senar/MS, Prefeitura Municipal, Sebrae/MS e empresas do setor agropecuário proporcionaram dois dias com muita informação e troca de experiências para quase mil produtores familiares. “É motivo de muita satisfação ter participado dos dias de campo promovidos durante a Expoagro e comprovamos que a parceria entre as instituições enriqueceu o evento e proporcionou conhecimento e troca de experiências para todos os presentes”, reforça.
A coordenadora do programa Mais Leite, Bruna Bastos, lembra que o número de participantes nos três anos de evento realizado em Dourados soma 800 pessoas capacitadas e esclarecidas sobre a necessidade de aprender novas tecnologias e desenvolver uma gestão assertiva da atividade rural. “São quase três anos de trabalho com sete eventos realizados no Estado, sendo três aqui em Dourados. É gratificante perceber o quanto a assistência técnica está contribuindo para o desenvolvimento profissional destes produtores e melhorando a qualidade de vida das famílias que se dedicam a produzir leite com qualidade”, argumenta.
Luiz Paulo Pereira mora em Laguna Carapã e participa do evento pelo segundo ano consecutivo. Ele destaca que é importante participar de eventos que demonstram a vivência prática do manejo na produção leiteira. “Aprendi com meu pai a trabalhar na produção de leite, mas, procuro me atualizar sempre. Lembro que começamos com uma produção 100 litros diários que hoje ultrapassa 500 litros, porém, para evoluir desta maneira melhoramos a genética dos animais e investimos na produção e cultivo de alimentos”, conclui.