O Museu da Imagem e do Som, unidade da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, abriu na noite desta quarta-feira (14.08.2024) a exposição historiográfica “100 Anos da Grande Dama da Viola”, em homenagem à violeira Helena Meirelles, com curadoria do fotógrafo Bolivar Porto. São fotografias e recortes de jornal fruto de uma pesquisa feita pelo curador, a convite da coordenadora da Concha Acústica Helena Meirelles, Wanda Brito, que retratam toda a história de vida da violeira nascida em Bataguassu.
Segundo o curador da exposição, o fotógrafo Bolivar Porto, a ideia da exposição partiu da coordenadora da Concha Acústica Helena Meirelles, Wanda Brito. “A Wanda entrou em contato comigo e eu me prontifiquei a ajudar e a missão primeira que nós tínhamos é na impossibilidade de trazer o acervo dela para Campo Grande, fizemos peças, basicamente imagens, porque encontramos muitas fotografias na pesquisa. Eu fiz esse trabalho, encontrei várias referências, textos dela, publicações na internet, em sites em Campo Grande, no Brasil, no Paraguai, deverá estar tudo presente mostrando até onde ela chegou em termos de conhecimento público. Imagens, caricaturas, coisas que se relacionam com Helena Meirelles, referências de premiação. É uma pequena exposição historiográfica, com textos e fotos contando a história dela”.
A exposição no MIS faz parte de uma ampla programação em homenagem aos cem anos da violeira Helena Meirelles, que começou nesta terça-feira, na Assembleia Legislativa, numa sessão solene em que foram entregues comendas de honra para musicistas sul-mato-grossenses. Nesta quinta-feira, na Concha Acústica Helena Meirelles, que fica no Parque das Nações Indígenas, haverá uma apresentação do Quarteto Instrumental Prelúdio, com o Maestro Eduardo Martinelli e a participação especial da violeira Elizeth Gonçalves, de Corumbá, MS. Ainda na Concha Acústica, haverá a abertura ao público do Projeto contemplado pelo FIC “Centenário Helena Meirelles – A Lenda da Viola”, do artista visual Kelton Medeiros. As comemorações se encerram na sexta-feira (16), ainda na Concha Acústica, com o III Festival da Canção das Escolas Estaduais (SED – MS) – Prêmio Helena Meirelles 100 Anos, às 16 horas.
Helena Meirelles
Nascida em Bataguassu, na época distrito de Nova Andradina, Helena Pereira Meirelles cresceu rodeada de peões, comitivas e violeiros. Fascinada pelas violas caipiras, aprendeu a tocar às escondidas, pois sua família não permitia. Aos poucos, ficou conhecida entre os boiadeiros da região. Casou-se aos 17 anos por imposição dos pais, abandonando o marido pouco tempo depois para juntar-se a um paraguaio que tocava violão e violino. Após outra separação, decidiu tocar viola em bares e farras, deixando os filhos com pais adotivos, até encontrar seu terceiro marido, com quem viveu por mais de 35 anos.
Depois de desaparecer por mais de 30 anos, foi encontrada doente por uma irmã, que a levou para São Paulo, onde foi “descoberta pela mídia” através de uma matéria elogiosa na revista norte-americana “Guitar Player”. Apresentou-se em um teatro pela primeira vez aos 67 anos e gravou discos em seguida. Em 1993, foi escolhida pela Guitar Player como uma das “100 mais” por sua atuação nas violas de 6, 8, 10 e 12 cordas. Sua música é reconhecida em Mato Grosso do Sul como uma expressão das raízes e da cultura regional. Helena faleceu aos 81 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória decorrente de pneumonia crônica.