Estarrecedor, espantoso, repugnante, medonho, grotesco.
Estes são alguns adjetivos que poderiam qualificar o discurso do presidente Jair Bolsonaro na quarta-feira desta semana.
Diante da divulgação de números envolvendo compras suspeitas do governo, retirados de sites oficiais, Bolsonaro mais uma vez atacou de forma grosseira a imprensa e usou expressões de baixo calão, no estilo cafajeste tantas vezes presente em seu comportamento.
Mandar a imprensa “enfiar no rabo” latas de leite condensado que podem ter sido compradas com superfaturamento só satisfaz bajuladores, como o ministro de Relações Exteriores que, ao lado do chefe, tal qual bobos da corte, dão gargalhadas e aplaudem, contentes, as grosserias do presidente.
Foi um espetáculo lamentável.
As mortes pela Covid-19 chegam a mais de 220 mil, batendo recordes, e o governo dá seguidas mostras de uma incompetência criminosa. O mundo inteiro avança no enfrentamento da pandemia, enquanto no Brasil o governo insiste em minimizar a gravíssima situação, tornando-se responsável direto pela morte de brasileiros, ora pelo atraso na distribuição de vacinas, ora pela falta de oxigênio, ora pelo incentivo ao uso de medicamentos condenados pelas autoridades médicas.
Bolsonaro mantém no comando da área da Saúde uma figura sem qualquer qualificação para tal. E não só o ministro é despreparado. Toda a pasta está ocupada por militares que foram nomeados em detrimento de especialistas na área experientes e competentes, num processo que inclusive compromete a imagem das Forças Armadas.
Enquanto isso, acumulam-se nas gavetas do presidente da Câmara dos Deputados os pedidos de impeachment do presidente. Já são mais de 60.
A eles se soma o pedido de impeachment do ministro Eduardo Pazuello, encaminhado pela ABI e também engavetado.
Decididamente, o Brasil não merece isso.
Dar um basta nesta situação é questão de sobrevivência nacional.
Paulo Jeronimo
Presidente da Associação Brasileira de Imprensa – ABI