Fazendinha: estudantes de curso técnico se surpreendem com aulas práticas

Projeto Fazendinha – Foto: Divulgação

“Gosto muito de participar das aulas práticas aqui no projeto Fazendinha, pois é a oportunidade que tenho de assimilar o conteúdo teórico aplicado na sala de aula”. A afirmação da estudante Mirela dos Santos Lemes, 16 anos, aconteceu durante um dos encontros realizados no espaço do Sindicato Rural de Dourados, no parque de exposições João Humberto de Carvalho.

Um convênio formalizado entre a Escola Estadual Agrícola José Pereira Lins e o sindicato rural do município, em 2016, possibilita que estudantes matriculados no curso técnico em agropecuária possam realizar uma parte das aulas práticas em hortifruticultura, no espaço atendido pelo programa Hortifruti Legal, uma das vertentes de assistência técnica e gerencial do Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.

A coordenadora técnica da escola é a agrônoma, Elaine Monarin, que destaca o quanto é importante esta oportunidade de vivencia prática para os estudantes. “Atualmente temos 68 alunos cursando a formação de nível médio e profissionalizante, por isso, é muito importante que eles consigam comprovar a aplicação do que é ensinado na sala de aula. Toda vez que chegam aqui é uma grande alegria, pois, são jovens com perfil na área agrária”, pontua a educadora.

Presidente do sindicato rural de Dourados, Lúcio Damalia – Foto: Divulgação

Aprendizado que vem do berço – Mirela confirma o esclarecimento da coordenadora, com a seguinte afirmação: “Quero cursar a faculdade de Zootecnia, pois sou apaixonada, tanto pela agricultura quanto a pecuária. Moro na área rural e sempre tive o contato direto com a natureza, para mim é um grande prazer estudar”, declara a estudante, moradora no distrito Vila São Pedro.

Outro colega que tem uma relação familiar dedicada ao trabalho no campo é Waysllan Celestrino, 21 anos. Ele conta que o pai trabalha com lavoura e tem irmãos e primos atuando no setor em diferentes atividades. “Quando eu era mais novo queria ser caminhoneiro, mas, percebi que é um trabalho complicado por ficar muito tempo longe da família. Estou no segundo ano do curso técnico, já participei de pelo menos cinco capacitações do Senar/MS e agora estou fazendo estágio aqui no sindicato rural. Sinto-me confiante, pois, sei que quando terminar esta etapa dos estudos saio preparado para trabalhar no mercado”, argumenta confiante.

Desenvolvimento local – o técnico responsável pelos produtores atendidos no programa Hortifruti Legal, em Dourados, Darlan Flauzino explica que a ação de revitalização do projeto Fazendinha possibilitou o desenvolvimento de um centro tecnológico que capacita produtores atendidos nas capacitações, assistência técnica do Senar/MS e cursos profissionalizantes como o que é oferecido na escola José Pereira Lins. “Nossa equipe fez um trabalho de planejamento para desenvolver culturas que melhor se enquadram na demanda dos produtores locais, além disso, os estudantes podem acompanhar a evolução do plantio, vivenciando na prática o que aprendem na sala de aula”, observa.

Flauzino resume a iniciativa do Fazendinha como um projeto didático produtivo que já está contribuindo para o desenvolvimento econômico dos produtores rurais da região. “Toda a produção de hortifruticultura aqui do sindicato está sendo comercializada junto à comunidade e reverte em mais investimentos para plantio. Um dos experimentos mais recentes são o plantio de mamão e banana que possuem rápido desenvolvimento e alto valor agregado no momento da comercialização. Além disso, associamos o cultivo com hortaliças que possibilitam aos produtores um giro de capital mais rápido, enquanto o pomar se desenvolve”, complementa.

O presidente do Sindicato Rural de Dourados, Lúcio Damalia, explica que o resultado do trabalho iniciado há dois anos reforça a importância da conexão campo e cidade, entre população e representatividade rural. “É um sonho que realizamos e do qual estamos muito orgulhosos em participar. Quero destacar também a importância do trabalho em equipe, com apoio do Senar/MS, escolas técnicas da região, empresariado local, além de instituições como a Agraer. Vivemos em um tempo de inovações radicais e precisamos nos preparar para ajudar e receber ajuda, é um compartilhamento de informações que fará a diferença no setor agropecuário brasileiro”, conclui.

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