A febre maculosa tornou-se notícia nacional em razão de casos em uma propriedade rural do interior de São Paulo. A presença da doença, entretanto, é mais comum do que se imagina. De 2011 a 2020, foram 1.850 casos registrados, sendo 43,62% deles no território paulista. Os dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde. Em termos nacionais, 657 ocorrências evoluíram para óbito no período (o que representa 35,51%). Essas estatísticas indicam que devemos ter preocupação estratégica com o problema, tendo em vista a alta presença de vetores no meio ambiente.
Carrapatos do gênero Amblyomma (como o carrapato-estrela), ao se alimentarem do sangue de hospedeiros, transmitem por meio da saliva as bactérias causadoras da febre maculosa – sendo que a mais comum é a Rickettsia rickettsii. Os hospedeiros mais recorrentes dessa infecção são os animais que estão expostos à presença do carrapato no ambiente, como bovinos, cavalos, macacos e roedores – grupo no qual estão incluídas as capivaras.
As capivaras, que chegam a 1,5 metro de comprimento, 60 centímetros de altura e 70 quilos, gostam de ambientes aquáticos, são herbívoras e preocupam pela presença em áreas onde o contato com seres humanos facilita a disseminação da zoonose. Esses animais, quando infectados pela bactéria da febre maculosa, disseminam a infecção para outros carrapatos e animais suscetíveis, inclusive humanos. Os sintomas mais comuns são febre, dores de cabeça e musculares, calafrios, náuseas e vômitos, falta de apetite, erupções cutâneas (que costumam começar nas extremidades do corpo), fotofobia e confusão mental, além de comprometimento do sistema nervoso central, podendo até mesmo evoluir para insuficiência renal, pulmonar ou hepática e hemorragias.
Algumas medidas são importantes para quebrar o ciclo infeccioso da enfermidade, que tem um caso novo a cada dois dias – em cálculo feito a partir dos dados disponíveis. A prevenção, como de costume, é o melhor remédio. Como nem sempre é possível evitar áreas de infestação nem identificar essas áreas com exatidão, em primeiro lugar é essencial adotar medidas preventivas, como usar roupas protetoras ao ar livre (sempre claras, para facilitar a visualização do parasita) e aplicar repelentes eficazes contra aracnídeos. Bovinos e cavalos são vulneráveis e devem ser tratados para não se tornarem hospedeiros.
O cercamento das propriedades para evitar a entrar de animais silvestres permite um melhor isolamento do plantel e é uma prática de biosseguridade nas propriedades rurais. Dessa forma reduz-se o risco de animais externos ao sistema produtivo disseminarem doenças pelo plantel. Telas, como Belgo Javaporco®, ajudam a segregar esses roedores, que não são vilões, mas naturalmente representam risco. Com 11 fios na horizontal e camada pesada de zinco, ela oferece proteção contra animais silvestres e selvagens, impedindo que eles ajudem a dispersar os carrapatos por ambientes com outros animais e humanos. Com isso, é possível dizer que as cercas oferecem segurança e biosseguridade para os animais produtivos do sistema.
*Guilherme Vianna, gerente de negócios da Belgo Arames e doutor em medicina veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Flávia Silva, analista de mercado agro da Belgo e doutora em zootecnia pela UFMG.