Campo Grande (MS) – Foi aberta na noite desta segunda-feira (17.07) a Mostra de Cinema Francês, no Museu da Imagem e do Som. O filme de abertura, “Elle”, do diretor Paul Verhoeven, foi ganhador do Cesar de melhor filme este ano.
Os espectadores que vieram prestigiar a mostra driblaram o frio para ver o suspense em que a atriz Isabelle Huppert interpreta Michèlle, executiva-chefe de uma empresa de videogames, a qual administra da mesma forma que sua vida amorosa e sentimental: com mão de ferro, organizando tudo de maneira precisa e ordenada. Sua rotina é quebrada quando ela é atacada por um desconhecido, dentro de sua própria casa. No entanto, ela decide não deixar que isso a abale. O problema é que o agressor misterioso ainda não desistiu dela.
João Costa, que conduziu o debate após a exibição, é mestre em Comunicação com ênfase em linguagem cinematográfica, e explorou aspectos estéticos da obra. “’Elle’ trabalha com a linguagem dos jogos, dos games, é um filme que dá espaço para a ideia de um campo de batalha, em que a protagonista compõe a ideia de enfrentamento do mundo machista. É um filme mais aberto e trabalha com duas câmeras que se movem o tempo todo, dando a impressão de que a protagonista está sendo observada o tempo todo. Enfatiza o desenvolvimento psicológico da personagem”.
João disse que o filme chamou muito a atenção no lançamento e a atriz principal, Isabelle Huppert, se destacou muito em sua interpretação. “A fotografia prioriza as cores em tons de ferrugem para exaltar a ideia de aridez, conflito e combate. Trata do conflito de gênero e alguns aspectos psicanalíticos. Este filme é uma retomada da qualidade estética do diretor, em que ele abandona uma filmagem estática e faz um jogo de nível simbólico, em que a prática polida e educada da burguesia se contrasta com momentos em que isso desaparece”.
O estudante de Letras da UFMS, Daniel Almeida Machado, compareceu à abertura da Mostra porque gosta muito do cinema francês. “De todos os filmes associados a países, o filme francês é com o que eu mais me identifico, pelo modo de narrar as histórias, com ironia e uma carga de drama que acabo levando para a minha vida. É também um cinema romântico”.
A jornalista Isabela Domingues gosta muito de cinema e faz parte do Cine Café, cineclube que organiza a Mostra. “Acho que é importante ter iniciativas como essa na nossa cidade, de exibir filmes fora do circuito comercial. Essa mostra é uma oportunidade de as pessoas assistirem filmes diferentes, fora do circuito”.
Os amigos Luiz Fernando Mongenot, estudante de Letras; Bem Oliveira, jornalista, e Marcos Ouriques, engenheiro eletricista, vieram juntos para conferir o filme de abertura. “Ficamos sabendo da mostra pelo instagram, gostamos muito do cinema francês, da cultura, da língua”. Luiz Fernando é professor de francês no Projele, da UFMS. “Gosto da composição do cinema francês, essa pegada existencialista que os filmes em geral têm. De uma maneira geral, aprecio essa produção mais pro final do século XX, me atrai essa estética, a língua também é atraente, sempre gostei”.
E a Mostra de Cinema Francês continua até sexta-feira, no Museu da Imagem e do Som, com entrada franca. Confira a programação no site da Fundação de Cultura de MS.