Em Mato Grosso do Sul seis plantas frigoríficas já estão credenciadas para abate de bovinos orgânicos e sustentáveis e outras cinco buscam o credenciamento para passar a ofertar esse perfil de proteína originada no Pantanal. A afirmação foi exposta pelo presidente da ABPO – Associação dos Produtores Orgânicos do Pantanal, Eduardo Cruzeta, durante a apresentação do Programa Carne Sustentável do Pantanal aos pecuaristas da região de Corumbá, nesta sexta-feira (3).
As unidades frigoríficas buscam credenciamento junto ao Programa Carne Sustentável do Pantanal, uma ação do Governo do Estado de MS, que além de atender um nicho mercadológico, isenta pecuaristas quanto ao ICMS em até 67% no caso animal orgânico, e 50% na categoria sustentável.
“É um projeto consolidado, que deve evoluir a curto prazo. O mercado interno e externo está demandando uma proteína diferente quanto à qualidade, origem e sustentabilidade. Estamos visualizando novos processos, como a indicação geográfica, que trará a originação desse produto do pantanal de forma específica, a ponto de comunicarmos isso até o final do processo”, esclarece Cruzeta.
“Temos como norte instituir programas de desenvolvimento social nas regiões do Pantanal, com apoio à educação e saúde, mantendo as famílias, com condições de desenvolver plenamente sua estrutura e seu modo de vida, trazendo maior dignidade. E ainda discutimos o pagamento por serviços ambientais; vamos trabalhar com crédito de carbono, green bonds e acordos internacionais. Há sinalizações muito fortes de que, em breve, isso estará muito bem estabelecido”, completa o presidente da ABPO, ao sinalizar que há 10 anos, o incentivo fiscal era algo muito distante e até surreal.
Segundo a ABPO, só no mês de agosto os pecuaristas da região pantaneira encaminharam mais de 4 mil animais para indústria frigorífica, na categoria sustentável. O superintendente da Semagro – Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Rogério Beretta, destacou que a média de incentivo a esses produtores com isenção de impostos (ICMS) 2021, chegou a R$ 105,63 por animal da categoria sustentável em e R$ 123,89 na categoria orgânica.
Segundo o chefe geral da Embrapa Pantanal, Jorge Lara, o mundo está pedindo estabilidade, e isso será cada vez mais cobrado. “O Pantanal faz diferente, hoje o mercado quer carbono neutro, e será assim até 2030. Mas existe a biodiversidade que já estamos sendo pressionados, além da questão social. E onde existe mais oportunidade de inclusão social e mais biodiversidade? No Pantanal. Temos a oportunidade de nos tornarmos o que há de mais avançado no que diz respeito à pecuária. Aqui pode ser a casa da pecuária sustentável mundial”, destaca Lara.
“A sustentabilidade do pantanal é um empreendimento privado, diferente da Amazônia, onde quase tudo é público. Aqui, onde empreendedores produzem, o que falta é um plano estratégico que se coloque na prática”, completa o líder da Embrapa Pantanal.
Para apoiar a iniciativa do Programa Carne Sustentável do Pantanal, do Governo de MS, o Sebrae custeará 70% do processo de auditoria da fazenda, para pequenos e médios produtores, por meio de subsídio para aqueles que desejam certificação e adesão ao programa. O custo desta etapa, segundo o Sebrae, atualmente é de aproximadamente R$ 4.551,00 para o sustentável e R$ 6.726,00 para o orgânico.