Institutos e fundações de investimento social privado no Brasil estão fortalecendo a metodologia de desenvolvimento de base, com o apoio a organizações comunitárias que lutam pela redução da pobreza. A força da atuação em parceria, entre uma instituição empresarial e organizações de base, ficou evidente no desenvolvimento do Fundo Comunidade em Rede (FCR), em curso em quatro estados brasileiros, até fevereiro de 2016.
Formado por organizações que participam do Bloco Brasil da RedEAmérica, o Fundo Comunidade em Rede foi criado com o objetivo de fomentar parcerias e redes locais para a realização de projetos coletivos em comunidades específicas onde os seus membros atuam. O Instituto Arcor Brasil é o gestor financeiro do Fundo Comunidade em Rede, que tem apoio da RedEAmérica e a Fundação Interamericana, dos Estados Unidos.
Onze projetos apoiados – São onze projetos comunitários apoiados pelos institutos e organizações empresariais. Em São Paulo são desenvolvidos os projetos “Teia: Ações Comunitárias Articuladas” e “Fala Comunidade”, em Bragança Paulista, ambos com cinco organizações parceiras cada, e “Maré Alta”, em Ubatuba, com seis organizações parceiras e apoio do Instituto Arcor Brasil.
O outro projeto em território paulista, apoiado pelo Fundo Comunidade em Rede, é o “Conquistar Espaços”, em Jacareí, com suporte do Instituto Camargo Corrêa e sete organizações parceiras.
Outros quatro projetos são implementados em Minas Gerais. O projeto “Apicultura em rede no Vale”, que tem a Fundação Aperam Acesita como signatária junto ao Fundo Comunidade em Rede, é desenvolvido nos municípios de Veredinha e Itamarandiba, com duas parceiras. A mesma Fundação Aperam Acesita é signatária do projeto “Um Novo Tempo”, desenvolvido em Timóteo, com 12 parceiras.
Ainda em Minas Gerais, o projeto “Rede Comunitária de Aprendizagem (Recoa)”, tendo o Instituto Holcim como signatário, é desenvolvido em Pedro Leopoldo, com 12 parceiras. E no mesmo estado, o Projeto “Três Marias em rede: capacitação e cidadania em foco” tem o Instituto Votorantim como signatário e 13 organizações parceiras, no município de Três Marias.
Na Bahia, o projeto “Ponte Saberes e Fazeres”, também com o apoio do Instituto Votorantim, é implementado nos municípios de Cachoeira e São Félix, com 13 parceiras. Dois projetos serão desenvolvidos em Vila Velha, no Espírito Santo, ambos tendo a Fundação Otacílio Coser como signatária junto ao Fundo Comunidade em Rede. Os dois projetos, “Práticas de cidadania: faça a diferença” e “Transformando e compartilhando saberes”, localizados em comunidades diferentes, têm cinco organizações parceiras cada.
Etapas de implementação – O Fundo Comunidade em Rede vem atuando desde 2013. No caso de cada projeto apoiado, foram observadas cinco etapas. A primeira etapa foi a de alinhamento e planejamento geral da proposta entre os signatários.
Já a segunda etapa foi a de mapeamento e mobilização de organizações e redes em cada um dos municípios. A terceira etapa foi a de elaboração do projeto coletivo em cada um dos municípios, contando com capacitação das organizações e redes mobilizadas. Foram realizados 49 encontros de formação para as organizações/ redes locais.
A quarta etapa foi a de implementação do projeto coletivo em cada um dos municípios, contando com financiamento e acompanhamento pelas organizações signatárias. Ao longo de dois anos, que serão encerrados em 2016, os projetos contam com o apoio financeiro e acompanhamento técnico dos signatários, contando com espaços presenciais e virtuais de reflexão e troca de experiências entre os grupos. Esta etapa também será sistematizada.
A quinta e última etapa é a do desenvolvimento de ações de aprendizagem, registro e sistematização da experiência, entre as organizações signatárias. De forma transversal ao projeto, foi previsto um processo de registro e sistematização da experiência e uma etapa final de disseminação das aprendizagens.
Aprendizados – Muitos aprendizados já foram identificados pelos institutos e fundações empresariais participantes do Fundo Comunidade em Rede. Um dos aprendizados, assinalam as organizações do Bloco Brasil da RedEAmérica, é o de que o investimento social privado deve ser focado “no fortalecimento das organizações antes e durante o co-financiamento e acompanhamento dos projetos, de modo que este apoio a um projeto efetivamente fortaleça a organização de base e seus vínculos/alianças locais”.
E um aprendizado fundamental, destacam os membros do Bloco Brasil da RedEAmérica: a necessidade de compreensão da organização de base parceira, e também de sua capacidade de atuação de maneira mais ampliada, para além do projeto. O desenvolvimento de base pressupõe uma metodologia em construção, e o Fundo Comunidade em Rede deu grandes passos nessa trajetória.